Acusação e defesa voltaram a ficar frente a frente, na tarde desta terça-feira, na segunda audiência do processo criminal movido contra Marcos Antônio de Queiroz e outros seis acusados de participação em um golpe milionário em Joinville.
Desta vez, todos os réus estiveram presentes na sessão, menos Ana Claúdia Queiroz, mulher de Marcos. Como a lista de testemunhas ouvidas foi preenchida por ex-funcionários do Grupo Marcos Queiroz (três dos 12 intimados não compareceram), os questionamentos do promotor Francisco de Paula Neto e dos advogados de defesa buscaram detalhar a relação de trabalho dos envolvidos e o papel exercido por cada um.
Ex-vendedores reconheceram que negociavam os apartamentos vendidos na planta sem que fossem registrados como corretores de imóveis e, em alguns casos, sem ter carteira assinada. Em depoimento, ex-funcionários ainda revelaram que deixavam contas bancárias pessoais sob total administração de Marcos Queiroz, que controlava os cartões das contas e operava com os cheques dos subordinados.
Outra prática apontada como recorrente nos negócios de Queiroz era o recebimento de veículos como parte da entrada dada nos pagamentos dos apartamentos. Os carros, conforme os depoimentos, eram transferidos para os nomes dos próprios vendedores e, depois, repassados a lojas de carros usados com urgência.
Nenhum ex-funcionário ouvido nesta terça afirmou ter certeza de que tudo se tratava de um golpe antes de as denúncias virem à tona. Quando o promotor perguntava se não estranhava-se a demora para o início das obras nos empreendimentos vendidos (somente um dos seis prédios começou a ser erguido) a resposta de consenso era de que havia confiança na palavra de Queiroz, com a explicação de que a papelada estava encaminhada.
Advogados de defesa de Alexandre Duhring, Sirlaine Dias, Jéssica Samara Lopes, Santelino Izidoro Júnior e Susy Ribeiro, ex-funcionários denunciados pelo Ministério Público, também formularam perguntas para detalhar a autonomia deles no Grupo Marcos Queiroz — conforme a denúncia, todos tinham consciência do golpe.
O consenso nas respostas foi de que Queiroz era centralizador e ninguém tinha poder de decisão sem antes consultá-lo. A próxima audiência do processo está marcada para quinta-feira.