Escritor e advogado
Mais um ano chegando ao fim e as pessoas ficam mais otimistas. Compram presentes, participam de amigo secreto, Natal, Ano Novo e falam muito. Percebemos assim a opinião das pessoas transparecer, nesses momentos de interação e festa. Cada um demonstra seu ponto de vista. Mas, o pessimismo parece que muitas vezes se vê desfocado pela sua visão. Ademais, o seu pré-conceito e a sua forma de ver o mundo alteram a interpretação em relação a esse. O mundo pode ser um céu ou inferno, dependendo de quem o vê. Claro que as dificuldades da vida explicam o que semeou anteriormente, mesmo o que a família semeou, os maus hábitos e maus pensamentos.
Baltasar Gracian falou para “não esperar o Sol se pôr. Deve-se assim evitar o declínio para não se chocar com o infortúnio”. Vemos que muitos insistem no declínio, interpretando o já fracassado como não sujeito a mudança, quando quem tem de ver o mundo de outro modo é a própria pessoa. As pessoas seguem dois extremos: ou elas acham que está tudo bem, quando a realidade os contradiz, ou que está tudo mal, e mais uma vez elas erram. Maquiar demais a realidade é mentir pra si mesmo.
As coisas são em mim. Desse modo, sou eu que vou julgar se a realidade é ou não é. Claro que muitos contatos com a realidade serão imediatos e através de sentidos, sem dar tempo à reflexão filosófica. Berkeley fala que o uso correto das palavras que irá marcar as coisas. Usar então de palavras bonitas fará com que assim seja a nossa realidade, ao menos em potencialidade.
Marco Aurélio falou que “o mundo é transformação e a vida ideias”. Vemos que a busca de sabedoria reinterpreta o mundo onde vivemos. Quando se sabe que a matéria é passageira e que o espírito é eterno, muitas coisas mudam de valor. Disse: “Todas as coisas coesistem no ser único e total a que denominamos Mundo”. De certa forma, Deus é o Universo, ou está nesse em emanação. A realidade é então una e divina.
Leibniz disse que “nossa alma sabe virtualmente de tudo” e que “temos em nós todas as ideias”. Essa memória espiritual e mesmo tudo que é inato nos faz perceber que há esperança de uma realidade cada vez melhor ao nosso entorno. Vemos que somos toda hora contaminados por negativismos de uma mídia pouco sábia e materialista, por uma série de interesses egoísticos e por um pessimismo acadêmico. Devemos superar todo essa relativização que afasta da perfeição que está na união com o Ser eterno e o mundo das ideias.