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Ecletismo e Zetética - Mariano Soltys

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Escritor e advogado


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Reflexão sobre a Morte

Sexta, 01 de novembro de 2013


Presenciamos nessa semana o dia de Finados. Porém, a morte é tema para muitos evitado, seja por algum medo inconsciente, este medo em verdade mais do desconhecido do que da própria morte. Shopenhauer disse que: “quem considera o nascimento do homem como começo absoluto, a morte tem de ser o fim absoluto”. Vemos que mesmo na Bíblia há relatos que falam em uma pré-existência da alma, como Deut. 29, 14 e Sab. 8:19. A alma nasceu de alguma coisa e volta para alguma coisa. O corpo material e a porção fenomênica seriam para Shopenhauer efêmeros. E quem acha que a existência vem do acaso, esse sim deve temer a morte. Quem confia na ressurreição não teme a morte.

Cícero disse que a maneira mais bela de morrer é com a inteligência intacta e os sentidos despertos. Vemos que viver até o último suspiro é aconselhável, e trabalhar muito, ter um sentido à existência, maior. E Cícero fala que não se deve nem se apegar e nem renunciar com a vida que resta na velhice. Mas a morte vem também para jovens. A morte é uma certeza, apesar de ser indeterminado o momento.

Sêneca disse que enquanto jovem procurou viver bem, e quando chegou à velhice, procurou morrer bem. A morte vinda, já depois da satisfação de ter vivido. Isso também pode demonstrar uma gratidão para com a vida, e aceitar o natural. A nossa sociedade é de todo o modo ensinada para entender a vida, para ocupar o tempo e se sustentar. Mas quase ninguém ensina para se lidar com a morte. Disse Sêneca: “Louva e imita aquele a quem não entristece morrer quando lhe agrada viver”. A vida do sábio foi produtiva e ele não teme a morte.

Kierkegaard disse que para o cristão a própria morte é a passagem para a vida. Desse modo, a nenhum mal físico ele considera mortal. E estar mortalmente doente é não poder morrer e isso é desespero. Vemos por outro lado que o cristão busca a vida eterna, na comunhão dos santos. Nessas almas bem-aventuradas que em verdade os cristãos desejam estar, e morrer já o fez o mestre na cruz, e o cristão não teria medo em ser sua imitação, no exemplo dos mártires.

Lao Tsé fala do ciclo de ser e existir: “Tudo o que existe egressa do Ser e regressa ao Ser”. Então o Ser é eterno. Vemos que personalidades e egos são transitórios, mas herdam eternidade, na medida em que parecem vestir roupas materiais diferentes. Isso nos leva a reencarnação. Mas cuidar do túmulo agrada alguns antepassados, e rezar.

Na cabala, na esfera do reino, da árvore da vida, ficam as almas dos “eleitos”, e eles formam a “comunhão dos santos” e o corpo de Cristo. Estes encarnam ou não, pois já estão salvos. Na mitologia, o símbolo da morte fica por conta de Saturno, o velho com sua foice.

Pelo misticismo, o fim que se dá ao corpo após a morte, traça o destino de seu corpo etérico, de modo que se apenas enterrado, o mesmo corpo energético sobrevive, muitas vezes se manifestando por fantasma, e se cremado, não. Por isso se queimavam bruxas e feiticeiros, para que não perturbassem com seus fantasmas depois. O segredo é que o que purifica é o fogo, sendo que a água e a terra são incompletas nesse sentido.

Vemos que a morte é real. Mas que as crenças do que vem após a morte são muitas. Há contudo experiências de quase morte e mesmo de alguns que dizem ter voltado e isso revela sim que há algo além. Sempre fui espiritualista e não vejo a morte como um fim absoluto. Talvez nem tudo abrace das doutrinas religiosas, mas sempre tive uma intuição especial que me disse que viver não são apenas esses presentes anos de minha estrutura corporal. A reencarnação é aceita por judaísmo e não parece de todo mal ver uma possibilidade de regresso. Há também purgatório na doutrina católica, para que almas se purifiquem, antes do paraíso. Vejo que tanto a reencarnação quanto a ressurreição são possíveis.



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