Filme “João e Maria” e aspecto parapsicológico

Esse filme foi o primeiro que vi em 3D, e me impressionou seus efeitos. Além do bom som multicanal e de uma atriz especial no elenco, aquela do X-Men (Famke Janssen). O filme de início me pareceu aquele conto de fada de João e Maria, onde a bruxa os engordava para fazer seu canibalismo. Ocorre que aqui os dois são espécies de Rambo medieval caçando bruxas, em lutas orientais e armamentos militares, num clima de velho-oeste, superando a barreira espaço-tempo. De longe esse aspecto medieval se devia mais a fanatismo na caça as bruxas, que reais vôos em vassouras e poderes demoníacos, que na verdade nada mais eram que paranormalidade. Mas o filme é muito bom.

De início, uma série de fatos que sim se baseiam em realidades. A caça as bruxas ocorreu e sim havia um manual para tal, chamado de “O martelo das bruxas”, um manual de inquisidores. O aspecto oculto de se queimar as bruxas tem sim efeito prático no misticismo, pois o corpo astral baixo se vai quando o carnal é destruído pelo fogo. Nem toda a bruxa é má, pelas que curavam no mesmo filme.

Vemos que qualquer diferença daquele tempo era tida por bruxaria. E ser mulher era mais perigoso que nunca, haja vista o mito de Eva como causadora de pecado original, e no império de sacerdotes celibatários e superstições. Os poderes mentais no invisível ocorrem e quase sempre são naturais, mas executados por poucos. O livro de Abramelin também foi usado pela bruxa branca, mas se trata mais de grimório relativo a conhecimento do anjo da guarda, e não para ataque a magos negros. Fora esses enganos, o filme retrata o preconceito contra fenômenos parapsicológicos.

Assim, os fenômenos como levitação (telecinesia), fenômenos de clarividência (pré-cognição, hiperestesia etc), fenômenos de telepatia e outros até hoje são atribuídos a demônios. O filme mostrou a fidelidade dos irmãos na caçada do mal e sua maternidade também bruxólica, tendo assim no sangue o segredo dessa ação que vai até fora da tela. O filme conta com boa ação e o elenco é regular, fora a bruxa principal. Foi bom por assistir, mas a informação sobre as bruxas foi reduzida e o bom que se afirmou ao fim que existem bruxas boas, ao contrário do que fanáticos cristãos sempre pensaram. A paranormalidade existe até em santos cristãos, então a questão deveria ser tida por outro foco, que não os fenômenos. A maldade e o egoísmo sim que sempre revelaram o demônio, e demais vícios humanos, não pessoas que lidavam com fitoterapia e tinham religiões antigas.

Glossário:

Parapsicologia: Ciência que estuda os fenômenos paranormais e o que não é explicado pela ciência e psicologia. Seu foco está nos poderes da mente, em especial no subconsciente. Seu fundador foi J.B. Rhine.

Telecinesia – É poder mental de mover objetos à distância. Como a maioria dos fenômenos paranormais, acontece de forma involuntária. Quevedo chama de telergia, e coloca um raio de 50 metros para esse fenômeno. Também chamada de psicocinesia por Pedro Grisa.

Pré-cognição – Faculdade de prever o futuro, pela mente. Muitas vezes o que ocorre é uma simulcognição, ou seja, apenas vê o que acontece no momento, há grandes distâncias. Há também a retrocognição, que é adivinhar o passado. Normalmente se chama premonição.

Hiperestesia – Uma super sensibilidade e Quevedo dá exemplo de movimentos muito sutis das cordas vocais. Em geral se entende isso como telepatia, mas há algo físico, segundo ele. Muitos mágicos usam esse “dom” para adivinhar cartas, nomes etc.

Grimório – São geralmente gramáticas de feitiçaria, muito populares na Idade Média e Renascença, e também proibidas e não bem vistas. Muitas tinham receitas absurdas e havia também algumas lições sobre remédios, e coisas que podem ser comprovadas hoje.