Escritor e advogado
Recentemente vimos manifestações com a bandeira do Brasil em mãos e a torcida cantando com todo fervor o hino nacional no estádio. Mas até onde vai o patriotismo? Será que tem algo a ver com nacionalismo? E o que significa a bandeira do Brasil? Vejamos. O amor a pátria vem do amor a família, ao progresso espiritual e material da pátria. Nesse sentido, já entendiam Charles Dickens e Funck Brentano. Dizia ainda antes o pensador Sêneca que ninguém ama a pátria porque é grande, mas porque é sua. Mas nós também amamos porque é grande, continental. Difere patriotismo do ufanismo, que é mais uma falsidade e uma jogada de marketing, como entender o Brasil como país do futebol, do carnaval, de povo simpático, estátua de Cristo Redentor etc. Uma visão exagerada e quase nacionalista da pátria. Ser patriota também é amar o povo. Mas hoje não se pode entender aqui um povo sem a miscigenação, que de início era de índios, negros e portugueses. A pátria é principalmente o povo, o elemento humano e real, não símbolos livrescos. Não significa também xenofobia, onde se tem aversão extrema a outras nações. Pelo contrário, vemos cada vez mais pessoas espalhadas pelo mundo, levando suas bandeiras em estádios de futebol e outros esportes (o que revela certa contradição). Com crise econômica europeia e norteamericana, esses brasileiros estão mais patriotas, pois voltam a sua terra natal. Cabe também diferenciar patriotismo de termo mais recente chamado nacionalismo, que está ligado tanto a fascismo de Mussolini e a nazismo alemão. Vemos no nacionalismo também a busca de pureza racial, eugenia, presente até nos EUA da época. Gustavo Corção tem um livro para essa distinção, chamado “Nacionalismo e patriotismo”. O patriota simpatiza com outros patriotas, já o nacionalista não. Claro que temos na bandeira, no hino nacional, nas armas e no selo como símbolos nacionais, especiais a reverenciar o patriotismo. A bandeira não pode ser hasteada ou usada em mau estado de conservação, nem como propaganda ou com cores alteradas. Não posso mesclar uma bandeira do Brasil com cores da Alemanha, mesmo que por aqui haja entusiastas germânicos. Obrigatória em escolas e órgãos públicos, e hasteada das 6 às 18 horas, e a noite se tiver forte luz. As cores da bandeira do Brasil têm significados, como o verde que representa as florestas, o amarelo o ouro, o azul o céu e o branco a paz. As estrelas são os 23 Estados e o DF. A frase “ordem e progresso” se deve a influência da filosofia do positivismo, de Augusto Comte, que atraia intelectuais brasileiros. A frase de Comte era “o amor por princípio, a ordem por base e o progresso como fim”. O pensamento positivista tende a ser ateu, o que não combina muito com a nação. Vemos nas estrelas as constelações de Cruzeiro do Sul e de Escorpião. O Cruzeiro tinha importância para certas tribos indígenas. Estrelas importantes em nível esotérico, como a estrela Sírius, ou cão, que era de importância no antigo Egito, e escorpião, que antes era signo regido por planeta Marte, logo símbolo de guerreira nação, batalha e bravura. As armas nacionais são o brasão e o selo, e no brasão se repete o cruzeiro. Por tudo isso, vemos que há diferença entre patriotismo e nacionalismo, sendo mais seguro ser apenas patriota, não nacionalista, este último mais atuante em regimes de exceção ou ditadura militar. E a bandeira deve ser respeitada, não é como uma camisa de time de futebol. Mas com equilíbrio é bom ser patriota.