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Centro de Recuperação: Uma década de nova esperança

Segunda, 16 de julho de 2012

Cerene está completando dez anos de atuação em São Bento do Sul e revela alguns números da realidade local

 

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Entidade está localizada no bairro Boehmerwald, em uma área de aproximadamente 48 mil m² (Fotos Elvis Lozeiko/Evolução)
  

O Centro de Recuperação Nova Esperança (Cerene), entidade surgida em 1989 em Blumenau, está completando dez anos de atuação em São Bento do Sul. Aqui, atualmente são quarenta e quatro residentes, todos do sexo masculino. Na quarta-feira, dia em que o Evolução foi até o local fazer entrevistas para a presente matéria, o número aumentaria com a chegada de um adolescente de 13 anos de idade. Mais uma vítima do crack. A capacidade de atendimento do Cerene é de cinquenta e duas pessoas, conforme o diretor da unidade, Otto Müller, 46 anos de idade e 15 de instituição. A ligação de Otto com a Missão Evangélica União Cristã (Meuc), fundadora e mantenedora do Cerene, iniciou quando ele estudava Teologia no Centro de Ensino Teológico (Ceteol), bairro Mato Preto. Após alguns trabalhos desenvolvidos em Benedito Novo/SC e também no Paraguai, acabou atuando como vice-diretor do Cerene em Blumenau, durante três anos. Em 2000, surgiu o convite para trabalhar como diretor da unidade de Lapa/PR, permanecendo na mesma durante onze anos. A entidade ainda tem unidades em Palhoça e Ituporanga.

“Gosto demais deste trabalho”, revela Otto, hoje o funcionário com mais tempo de atuação no Cerene. “Mesmo em alguns casos mais complicados, em que há impressão de que não existe saída, encontra-se uma nova esperança e uma nova vida”, comenta. Segundo ele, “o maior prêmio” de um trabalho como este “é ver uma vida restaurada” e ver “alguém que vive na sarjeta encontrar seu rumo, sendo um cidadão de bem na sociedade”. Por outro lado, admite Otto, “não é fácil”. As estatísticas do Cerene revelam que entre 30% e 35% dos residentes são recuperados. Em São Bento do Sul, uma pesquisa um pouco mais antiga apontou para a recuperação de 44% dos residentes. “Aqui em São Bento destaca-se o alcoolismo”, explica. Na Lapa, por exemplo, 90% dos casos envolvem a utilização de drogas ilícitas (crack, cocaína, etc) e 10% o consumo de álcool. Em São Bento, “é meio a meio”, ou seja, 50% dos casos estão relacionados às drogas ilícitas e 50% estão relacionados ao álcool.

 

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“O maior prêmio” do trabalho, conforme o diretor Otto Müller, “é ver uma vida restaurada”
  

REESTRUTURAÇÃO DA VIDA

Um dos residentes conversou com o Evolução. Funcionário público, 40 anos de idade, ele era um consumidor de álcool “em casa”, como o próprio frisa. “Como todo dependente, eu não admitia”, conta. “A partir do momento em que você coloca isso (admite o vício) na cabeça, o tratamento flui melhor”, destaca. O residente relata que “no começo, achava que pararia (de beber) sozinho”. Ele está há quatro meses no Cerene. Diz que nos primeiros dias se perguntava mais ou menos assim: “O que estou fazendo aqui?”. Com o tempo, viu que foi uma decisão acertada. “Você reestrutura totalmente a sua vida”, comenta. O entrevistado, casado e pai de dois filhos (um de 13 e outro de 2,5 anos), afirma que chegava a beber até dois litros de pinga por dia. “A cervejinha já não me sustentava mais”, conta.

Ele também conta que quem vive o dia a dia da bebedeira “sempre acha um motivo para beber”, lembrando que, em seu caso, dinheiro para a bebida sempre tinha, mas não “para comprar uma roupa ou levar a esposa a uma pizzaria”. O residente afirma que, através do conhecimento que está adquirindo, pretende ter um diálogo mais aberto com o filho de 13 anos. “Um dos fatores (da dependência nas drogas) é a falta de diálogo. Eu não tive isso em casa”, relata.

No último Stammtisch, ele passou em frente à praça Getúlio Vargas, no sábado (dependendo do caso, o residente pode sair final de semana), e fez questão de nem se aproximar muito. “Sei que ainda estou fraco”, afirma, destacando a possibilidade de recaída. Conforme Otto Müller, tem-se como padrão algo em torno de 180 dias (seis meses) para o tratamento, embora cada vez mais o Cerene esteja personalizando o mesmo – e aí entra novamente a história de que “cada caso é um caso”. Um dos detalhes que chamam a atenção é que no Cerene não há cercas ou muros. “Aqui estamos livres”, comentou um residente.

 

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Há diferentes atividades exercidas no dia a dia, como, por exemplo, o trabalho na cozinha
  

 

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Preparo de alimentos é um dos serviços desenvolvidos
 

PREVENÇÃO: TRABALHO MAIS BARATO E MENOS COMPLICADO

O trabalho preventivo, de acordo com Otto, “é o menos complicado, o mais importante e o mais barato”. O diretor prefere não falar em valores que são necessários para manter e tratar um residente, pois “depende da avaliação socioeconômica” de cada caso. Há algumas vagas disponíveis através de convênio com a prefeitura, via Secretaria de Saúde. O diretor faz questão de registrar que a entidade tem recebido “muito apoio da comunidade”, desde as contribuições de R$ 2,00 na conta de luz até repasses maiores da iniciativa privada. “Só conseguimos sobreviver graças a estes apoios”, diz.

Questionado sobre a possível liberação de drogas para consumo próprio, o diretor acredita que se trata de uma medida “equivocada”. Ele cita exemplos de drogas legalizadas, o álcool e o cigarro, “dois grandes vilões da saúde”. Mesmo os países que fizeram experiências com a legalização das drogas, como a Holanda, por exemplo, “estão tentando reverter” seus posicionamentos, acrescenta o diretor do Cerene são-bentense. No Brasil, frisa Otto, “seria um caos liberar de uma hora para outra”.

  

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“Como todo dependente, eu não admitia”, conta um dos residentes, que bebia até dois litros de pinga diariamente em casa
 

EVENTO COMEMORATIVO

Para marcar seus dez anos de atividades em São Bento do Sul, o Cerene realizará um evento comemorativo no dia 22 próximo – um domingo –, a partir das 9:30, com recepção aos participantes. Serão realizados o almoço às 12:30 e o café às 14:00, com encerramento às 15:00. O valor para participar é de R$ 10,00. O Cerene está localizado no bairro Boehmerwald, uma área de 48 mil² cercada por muito verde. Maiores informações, fone 3635-3131, e-mail é saobento@cerene.org.br e página da entidade é a www.cerene.org.br. (Por Elvis Lozeiko)



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