Blog: http://paginadateca.blogspot.com
Twitter : tecabrasileira
Professora por vocação e escolha.
Atualmente professora de espanhol em Storm Lake, estado de Iowa, meio oeste dos Estados Unidos
Ex-presidente e Membro da AATSP – American Association of Teachers of Spanish and Portuguese, Iowa
Membro de ACTFL - American Council of Teachers of Foreign Languages
Membro do Minority Council of ISEA / NEA, Iowa - Sindicato dos professores
Membro da Beta Sigma Phi – associação de mulheres com educação universitária
Membro do “Spectacular” - equipe de organizacão de festejos de 4 de julho
Membro de DISIT- District Improvement Team – Conselho de professores e administradores da cidade
Membro da Mesa Diretiva Hispana da Paróquia da igreja “Saint Mary’s”.
Um convite para um baile significa un convite ao mundo da fantasia. Baile = vestido. Três viagens a cidades diferentes, visitas ao provador de lojas de roupas de festas são intermináveis. Até que enfim, o longo diáfono roxo cai no corpo e não preciso de espelho para me ver com o cabelo, a maquiagem e meus cílios largos e curvos, os sapatos pretos altíssimos - uma miragem feita realidade. Estou segura que todos ao meu redor na loja, como também minha filha, me veem da mesma maneira.
Há muitos anos quando buscava soluções para meu negócio, um palestrante falava sobre propaganda - o consumidor não busca um produto, o consumidor compra um sonho, um ideal. E um vestido de baile se encaixa perfeito nesta descrição.
Os homens da minha vida - meu marido, meu filho, meus netos - não entendem esta fascinação. E eu não entendo porque eles não sentem a mesma fascinação. Até que fui com meu irmão a uma loja especializada em pesca. Sao dois pisos arquitetados como um passeio num bosque, com riachos e peixes, animais empalhados, morros, pedras, muita madeira e árvores por todo lado. Está bem, concordo, tem seu encanto! Mas o encantado foi meu irmão. Aí vi seus olhos brilharem, os pés ficarem ligeiros entre as fileiras de iscas, molinetes, varas de pescar e um montão de outro detalhes que não entendo em absoluto. E a dica do palestrante se fez verdade outra vez.
Ano passado, Amanda, minha aluna, começou a procurar o vestido para seu PROM (quase, quase um baile de formatura sem família, nem convidados, só os amigos da escola e seus acompanhantes). A roda-viva de viagens a outras cidades com mais lojas de roupas de festas, horas em provadores com as amigas, com a mãe as vezes. Nenhum se encaixava no que se via em sua mente e no seu coração. Enfim, depois de horas em sítios da internet, e os olhos se fixaram no vestido colorido, bordado com muitas pedras. Lindo!!!!!!! A mãe tentou trazê-la a realidade quando viu o preço sabendo por experiência a reação do pai por tal absurdo de desperdício por um vestido que iria usar só uma vez!!! Nada, mas nada mesmo fez Amanda mudar de ideia, nem as três outras viagens a Sioux City e outras tantas lojas chic ( com preços bem mais decentes ).
De alguma forma as duas conseguiram convencer o pai e o vestido foi encomendado. O baile chegou. Amanda praticamente não comeu, beliscou, pois o vestido pedia sacrifícios. Os sapatos de $200 desapareceram debaixo da mesa quando a música começou. No dia seguinte a mãe descobriu como a filha entrou em casa sem despertá-los para abrir a porta. A mãe fez o caminho inverso das pedras e brilhos no chão até chegar a portinhola construída para o cachorro entrar e sair da casa. Ela não precisou ver o vestido para saber o estrago que havia recebido. Mas afinal, Amanda luziu com seu vestido sonhado.
Creio firmemente que estamos velhas quando não nos permitimos um sonho efêmero como um vestido computando o uso com o preço. Afinal, o preço de uma isca é mínimo comparado com o tamanho do peixe no final do anzol e na foto na geladeira.