Professor deu alguns detalhes sobre o empreendimento que pode ser implantado em São Bento
São Bento – Ainda no ano passado, representantes dos quatro municípios do Consórcio Quiriri – São Bento, Rio Negrinho, Campo Alegre e Corupá – estiveram na Alemanha. Eles foram conhecer um projeto do Instituto de Gestão Aplicada em Fluxos de Materiais (Ifas). A comitiva regional juntou-se a representantes de outros nove países e o objetivo foi conseguir maiores informações a respeito da destinação de materiais que atualmente vão parar no aterro sanitário, com a finalidade de aumentar a reciclagem e investir em geração de energia. “Temos potencial para isso”, definiu o prefeito são-bentense Magno Bollmann pouco depois, em entrevista ao Evolução. Para atuar em tal área, é necessária a construção de um biodigestor – através de parceria entre os quatro municípios. Com o biodigestor é possível formar o chamado biogás, que, conforme revelou Magno, pode tanto ser aplicado na indústria como pode ser comercializado junto à rede convencional. Outra produção possível é a de biomassa, com restos de vegetação.
COMITIVA
Após a visita da comitiva do Consórcio Quiriri à Alemanha, nesta semana foi a vez do professor doutor Peter Heck se fazer presente em São Bento do Sul, mais precisamente na Associação Empresarial de São Bento do Sul (Acisbs), na quarta-feira. Heck apresentou diferentes modelos de empreendimentos que poderiam ser implantados em São Bento do Sul, lembrando que os quatro municípios somam 141 mil habitantes e que o projeto seria para contemplar a produção até 2032, ou seja, pelos próximos vinte anos. Ele definiu o negócio como um “Centro de Materiais e Matérias Primas”. O doutor explicitou que apenas uma pequena quantidade dos resíduos – lixos – é utilizada pelos catadores de materiais recicláveis, enquanto o restante “não é utilizado para geração de renda, sendo simplesmente descartado”. Ele ainda fez uma provocação: “Será que isso pode ser chamado de gestão de resíduos?”.
GALPÕES
Heck comentou que, se implantado o empreendimento – que utilizaria três galpões –, pode ser gerada “uma receita invejável” com a venda dos produtos resultados do processamento. “É possível agregar valor e se desenvolver regionalmente”, constatou. O professor doutor também frisou que a sociedade organizada, através do Consórcio Quiriri, “está realmente interessada” no negócio, tanto que o Ifas já recebeu três visitas de representantes regionais. Ele também comentou que, embora o empreendimento seja mais caro do que um aterro sanitário – cerca de R$ 28 milhões –, em onze anos um eventual empréstimo poderia ser amortizado e no restante do período de vida útil do projeto os resultados poderiam ser revertidos em benefício da população, inclusive com a possibilidade de os catadores serem coempreendedores.
FUNDO PERDIDO
O presidente do Samae, Geraldo Weihermann, frisou que, por parte do Ministério das Cidades, “existe interesse” em disponibilizar recursos a fundo perdido para os municípios nessa área. Assim, o Consórcio Quiriri deve apresentar um projeto mais completo para o órgão federal. “Por enquanto, trata-se de uma apresentação mais resumida”, definiu Geraldo. O prefeito Magno Bollmann, por sua vez, lembrou que “diversos outros trabalhos do consórcio também eram considerados paradigmas e utópicos”, sendo realidade atualmente. Magno ainda enfatizou que “hoje o mundo discute o Lixo Zero” e que a região “tem que andar para frente e ousar”. Por fim, o prefeito ainda resumiu que a instalação de tal empreendimento daria uma destinação melhor aos resíduos e ainda geraria renda e desenvolvimento. “Chega de jogar dinheiro no lixo”, disse ele.