O economista Delfim Netto, em entrevista ao JB, reiterou as críticas desferidas por ele contra a decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor’s de rebaixar as notas da França e da Áustria (de AAA para AA+), da Espanha (de AA- para A) e da Itália (de A para BBB+). Para Delfim, que já foi ministro de Estado e deputado federal, a ação da S&P foi “intempestiva” e “desmoralizante” para a própria agência:
“A maior prova de que foi uma decisão errada está na queda das taxas de juros dos países, mesmo depois do rebaixamento”, afirma Delfim. “Se houvesse realmente um cenário que justificasse o rebaixamento, os juros deveriam subir, e não descer”.
Para Delfim, a S&P está a serviço não da população, mas do sistema financeiro:
“Quanto maior for a volatilidade, melhor para eles”, diz Delfim.
O ex-ministro diz ainda que há claros sinais de que as nações europeias têm feito um grande esforço político em comum, o que contribui para que haja condições de superação da crise. Delfim cita ainda a questão da Grécia, cujo governo, segundo ele, resiste à pressão “dos seus antigos cúmplices”, ou seja, “os agentes do sistema financeiro e as próprias agências de risco”.
Os comentários de Delfim Netto são baseados em um artigo escrito por ele e publicado esta semana no jornal Folha de S. Paulo, sob o título “Arrogância”. No texto, Delfim diz ainda que a atitude da S&P “parece uma tentativa de protagonismo para tentar readquirir a credibilidade perdida com os seus dramáticos erros do primeiro momento da crise mundial”.
Ao JB, Delfim diz ainda que “a atitude da agência é de extrema arrogância e desrespeito à democracia”:
“O esforço político das nações foi absolutamente ignorado”, finaliza Delfim Netto.
Fonte: Jornal do Brasil |