Sindicato estranha liberação de terreno sem que a recuperação judicial
tenha sido aprovada em assembleia dos credores
Reunida ontem (16/1) a diretoria do Sindicato dos Mecânicos avaliou a decisão judicial que liberou o terreno da Busscar Ônibus, bem este que era um dos bens bloqueados para garantia de pagamentos dos débitos trabalhistas com milhares de trabalhadores lesados pela empresa. Segundo o presidente João Bruggmann, a diretoria “estranha” a decisão de liberar o terreno para uma recuperação que sequer foi ainda avaliada, e mais, aprovada ou não pela assembleia geral.
“O que causa preocupação e apreensão entre os trabalhadores é que está se liberando um bem que estava bloqueado para garantir o pagamentos dos salários atrasados há 21 meses! E que essa liberação abre um precedente, e isso é estranho, antes mesmo que a pretensa proposta de recuperação judicial seja analisada, debatida e aprovada ou não pela assembleia geral de credores. Afinal a recuperação já está valendo então?”, afirma o presidente Bruggmann.
A diretoria também está atenta aos fatos porque a liberação ocorreu entre um juiz e outro sem que sequer o Sindicato, autor da ação que defende os trabalhadores, ter sido citado para se manifestar sobre o pedido feito pela empresa e seus advogados. “A rapidez na liberação também estranha porque os trabalhadores estão há quase dois anos sem receber um centavo, e não tem a mesma deferência. Outra situação que avaliamos é para onde vão esses recursos? Será que vão para pagar também os trabalhadores, ou só para pagar alguns privilegiados? Vai acabar com a farra das diárias, ilegais e imorais?”, questiona o presidente e sua diretoria.
Segundo Bruggmann, o Sindicato vai se reunir com os advogados da Busscar para esclarecer também o famoso plano de recuperação judicial, e os tais descontos lineares que são propostos para todos os trabalhadores em faixas salariais, e também o uso desses recursos arrecadados da venda deste terreno, onde e como serão aplicados.
“Reiteramos que não concordamos com essa proposta de plano de recuperação. E também não concordamos com a venda de bens bloqueados em garantia de pagamentos dos salários atrasados a milhares de trabalhadores. Entendemos que os bens devem ser mantidos até que tudo seja resolvido. A saída para a Busscar é a entrada de novos acionistas, com dinheiro, mudança da administração, de processos, reconquista da confiança. Retirar as garantias para os trabalhadores não é o caminho correto, leal e legal, e certamente não será a redenção da empresa. Estamos atentos, estamos agindo para proteger os trabalhadores”, finaliza o presidente João Bruggmann.
A diretoria do Sindicato e o departamento jurídico estão reunidos permanentemente para atender à situação da Busscar, alertando mais uma vez que ainda não há plano nenhum aprovado para que a recuperação aconteça, e que vai tomar as providências cabíveis para a defesa dos trabalhadores. Mais dúvidas dos trabalhadores devem ser tiradas na sede central do Sindicato, ou pelo fone 3027.1184, ou 3027.1183.