Florianópolis - Em relatório divulgado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), os prejuízos causados pela estiagem na região Oeste do Estado chegaram a R$ 470 milhões. Até o momento, já são 80 municípios com decreto de Situação de Emergência por estiagem. No Oeste de Santa Catarina estão localizados 42% das cidades prejudicadas pela falta de chuvas e 34% da área total dos estabelecimentos agropecuários existentes no Estado. Na região, também residem 19,2% da população total e 34% da população rural catarinense.
O secretário de Estado da Agricultura e da Pesca, João Rodrigues, explica que os problemas e as perdas decorrentes da estiagem avançam dia a dia e são de difícil dimensionamento. “Considerando apenas as atividades em que tem sido possível realizar estimativas mais abalizadas sobre perdas, os prejuízos à agropecuária catarinense já somam R$ 470 milhões”, afirma Rodrigues.
O levantamento indica que a produção mais prejudicada pela falta de chuvas é a do milho. Nos municípios que decretaram Situação de Emergência, as perdas variam de 5% a 80% da produção esperada e estima-se que já foram perdidas 642,6 mil toneladas. O valor representa 16,6% da produção estadual inicialmente esperada, de 3,88 milhões de toneladas. Considerando o preço médio recebido pelos produtores em dezembro/2011, são R$ 253,1 milhões de prejuízo. Um agravante neste caso é que aumenta a dependência catarinense de milho proveniente de outros estados e países, com custos normalmente mais elevados que os do produto catarinense.
No caso da soja, em termos médios, os percentuais de perdas ainda são menos significativos que os observados no milho: os municípios afetados pela estiagem apresentam perdas de produção que variam entre 5% e 70%. A Epagri estima que já se perdeu 12,6% das 1,398 milhão de toneladas da safra estadual que vinha sendo prevista antes da estiagem. A preços de dezembro/2011, as 176,8 mil toneladas perdidas significam prejuízos de R$ 119,7 milhões. Para a soja, é importante destacar que as perdas são menos significativas em função de que a maior parte das lavouras ainda não estavam no período mais crítico em relação a estiagem. “Como esta situação ocorrerá de agora em diante, as perdas dessa lavoura poderão se intensificar muito, caso não chova suficientemente nos próximos dias”, lembra o secretário João Rodrigues.
Na cultura do feijão, as perdas municipais variam de 10 a 85%. Da produção estadual inicialmente esperada, de 112,1 mil toneladas, estima-se que já foram perdidas 6,1 mil toneladas, ou 5,5%, o que, a preços recebidos pelos produtores em dezembro/2011, significa um prejuízo de R$ 8,2 milhões.
A produção de leite também sofre importante repercussão em função da estiagem. A região Oeste responde por 73% da produção estadual de leite. As perdas nos municípios afetados variam de 5 a 55%. No montante, houve redução 14,2% em relação a produção dos meses de novembro e dezembro. Os produtores do Estado deixaram de entregar à indústria um volume de aproximadamente 28,2 milhões de litros do produto, representando um prejuízo em torno de R$ 21,8 milhões. Além desse prejuízo, salienta-se que os produtores estão tendo acréscimos de custos pela necessidade de complementação alimentar dos animais e que, dada a degradação das pastagens, o quadro tende a agravar-se significativamente, na ausência de chuvas nos próximos dias.
Outros produtos importantes para a economia de Santa Catarina também sofreram perdas, especialmente as frutas e hortaliças e piscicultura de água doce. A pecuária em geral, como suinocultura, avicultura e gado de corte também enfrentam problemas. Na maior parte dos casos, os prejuízos são de difícil mensuração e serão apurados oportunamente.
Nesta segunda-feira (16), o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro, o governador Raimundo Colombo e o secretário de Estado da Agricultura e da Pesca, João Rodrigues, estarão em Chapecó para lançar um pacote de medidas de auxílio aos agricultores afetados pela estiagem nas regiões Oeste, Meio-Oeste e Extremo-Oeste catarinense. O evento ocorre às 10h30, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nês, em Chapecó.