Divulgados toda semana na temporada de verão, os relatórios de balneabilidade feitos pela Fundação do Meio Ambiente (Fatma), revelaram que, nos últimos 10 anos, 13 pontos do Litoral de Santa Catarina permaneceram 100% próprios para banho, em todas as análises feitas no período. Outros oito locais — seis em Florianópolis — nunca saíram do impróprio.Confira detalhes do relatório da Fatma
O resultado de todos os levantamentos de 2002 a 2011, em 195 pontos de 27 cidades litorâneas, foi revelado pela Fatma nesta semana. A fundação destacou 33 que tiveram entre 99% e 100% das análises positivas e 14 locais que ficaram mais de 90% do período impróprios para banho. Em cada um foram feitas mais de 250 coletas. Entre as que apresentaram pontos próprios em todas as análises está a Praia do Mariscal, em Bombinhas, no Litoral Norte. Foram 264 amostras, todas positivas. A praia da Joaquina, em Florianópolis, no Leste da Ilha, também teve um ponto 100% próprio. Das 272 coletas feitas, em frente ao posto guarda-vidas, nenhuma apresentou resultado negativo.
Entre os 14 pontos impróprios, os resultados não surpreendem. Os locais quase não são usados para banho pela população, como a Beira-Mar Norte, na Capital. No ponto em frente ao monumento da Polícia Militar, as 210 análises deram impróprias. Esse é o mesmo caso da Praia do Bom Abrigo, do Jardim Atlântico e do Matadouro (Bairro Estreito), que são 100% impróprias.
O oceanógrafo, João Luiz Baptista de Carvalho, explica que regiões onde há curso de água tendem a ser mais poluídas. De acordo com ele, a população costuma fazer ligações clandestinas de esgoto em rios e córregos, que desembocam no mar. Além disso, a característica da praia influencia. As de mar aberto têm mais facilidade em renovar a água, diferente das baías.
O oceanógrafo, Afonso Bainy, ressalta ainda que o sistema de tratamento de esgoto é deficiente, porque não consegue dar conta de toda a demanda. Os dejetos chegam in natura ao mar. Ele ressalta, que apesar de o levantamento da Fatma analisar a presença dos coliformes fecais, há ainda problemas de vírus na água, como o do rotavírus e hepatite A. Além de afetar o humano, prejudica seres vivos daquele habitat.
Em outros sete pontos que apresentaram frequência de mais de 90% impróprio, as coletas foram feitas em rios, ou lagoas.
— Não significa que a praia toda está imprópria, é o rio que não deve ser usado para banho — ressalta o gerente da Fatma, Haroldo Tavares Elias.
Ele cita como exemplo, o Riozinho do Campeche, em Florianópolis, que não apareceu no estudo, porque as análises no local são recentes. Apesar de ser impróprio, outros pontos da praia são próprios. As prefeituras foram informadas sobre o resultado do levantamento e providências foram pedidas. Elias acredita que as vigilâncias sanitárias podem amenizar os problemas de balneabilidade, fiscalizando os locais.