Homem teve carga levada e foi abandonado dentro de veículo em matagal

Pablo Gomes | pablo.gomes@diario.com.br

A Polícia Civil de Curitibanos, na Serra Catarinense, já tem pistas que podem ser úteis na caçada aos criminosos que aterrorizaram um trabalhador e o deixaram quatro dias preso sem água e comida no baú de um caminhão. O homem só não morreu porque não desistiu de lutar pela vida, e foi resgatado porque os policiais insistiram em procurá-lo em um lugar onde ninguém mais iria.

Claudio de Oliveira, de 39 anos, morador de São José, na Grande Florianópolis, é caminhoneiro e transporta encomendas de uma empresa de ônibus. Na madrugada da última quinta-feira, ele viajava de Blumenau a Chapecó pela BR-470 quando, no município de São Cristóvão do Sul, a dez quilômetros da interseção com a BR-116, um caminhão cortou a sua frente e o obrigou a parar.

Dois homens armados desceram, renderam Claudio e o trancaram no baú do seu próprio veículo. Os bandidos roubaram uma carga de cigarros nacionais, avaliada em mais de R$ 100 mil, e esconderam o caminhão, com Claudio preso, numa mata fechada a uns 400 metros da BR-470, em um lugar quase inacessível e por onde praticamente ninguém passa.

A Divisão de Investigação Criminal (DIC) da Polícia Civil de Curitibanos foi avisada por um irmão de Claudio sobre o seu desaparecimento na região e, no domingo, saiu à procura do caminhoneiro. A busca foi concentrada na BR-470, no trecho entre a rótula com a BR-116 e a conhecida Serra da Santinha, próxima ao município de Pouso Redondo. O trecho já é conhecido pelos policiais devido ao grande esconderijo de veículos roubados nas matas às margens da rodovia.

Após três horas e meia de procura em todas as estradas de chão e pequenos acessos que encontraram pelo caminho, os policiais localizaram o caminhão de Claudio em um lugar bastante ermo no meio do mato. Quando percebeu a presença deles, Claudio pediu socorro e foi resgatado. Ele estava bastante debilitado e com a mão esquerda muito inchada, pois não conseguiu romper um lacre de plástico utilizado pelos bandidos como algema.

Claudio contou aos policiais que comeu ração de cachorro e lambeu pacotes de pães de queijo congelados para não morrer de sede. Segundo o delegado, o caminhoneiro disse que chegou a pensar em suicídio. Claudio foi levado para o hospital de Curitibanos, onde foi atendido, e agora descansa junto à família, em São José. A irmã dele, Claudete Palaoro, de 48 anos, já pensava em contar aos pais sobre o desaparecimento e até a possível morte de Claudio, quando ele foi resgatado com vida.

— Neste ano vamos ter o melhor Natal das nossas vidas.