“Cresce a pressão nos Estados Unidos para que seja cada vez mais facilitado o visto para os brasileiros que desejem entrar no país, como informa a Folha.
Fala-se até, quem sabe, numa medida radical: o fim do visto.
A razão disso é simples: o país está em crise e quanto mais turistas, melhor.
Há um detalhe nesse debate: os brasileiros estão deixando os Estados Unidos, atraídos pelo mercado de trabalho brasileiro.
Escolas públicas que eram bilíngues (português e inglês) estão demitindo professores de português por falta de alunos.
A região onde moro -Boston-- tem uma grande concentração de brasileiros.
É visível a onda de retorno, especialmente do pessoal que trabalhava aqui com construção civil.
Empresários até reclamam dessa falta de mão-de-obra.
Muitos deles são mineiros e goianos, considerados trabalhadores e responsáveis.
Na comunidade brasileira, circulam conversas sobre salários de mestres de obra nas principais capitais, especialmente em São Paulo e Rio --em São Paulo, a cifra seria de R$ 12 mil por mês.
De um lado, um país com pouco emprego, onde muitos brasileiros vivem na ilegalidade --e até são acusados de tirar postos dos americanos.
De outro, um país que, pelo menos até agora, não para de reduzir seu nível de desemprego, tornando-se uma das estrelas da economia mundial na visão dos americanos.
Tirar o visto ou reduzir suas exigências não é, portanto, um favor dos EUA ao Brasil.
É um favor do Brasil aos Estados Unidos."
Gilberto Dimenstein, 54. Integra o Conselho Editorial da Folha e vive nos Estados Unidos, onde foi convidado para desenvolver em Harvard projeto de comunicação para a cidadania. Fonte : FOLHA