Nascida na Alemanha, em Munique , com pais são-bentenses, Viktoria Weihermann, 14 anos, foi um dos destaques do projeto Vereador Mirim, desenvolvido em São Bento do Sul. Estudante do Colégio Global, aluna da oitava série, ela esteve no Evolução nesta semana para conceder a presente entrevista
EVOLUÇÃO – Na Redação do jornal Evolução, conversamos com Viktoria Weihermann, que encerrou neste ano sua legislatura como vereadora mirim. Como você recebeu a notícia de que representaria o Colégio Global neste projeto desenvolvido pela Câmara de São Bento do Sul?
VIKTORIA WEIHERMANN – Eu achei bastante interessante, porque não é de domínio público, muitas vezes, saber como funciona o Legislativo Municipal. Através do projeto, consegui aprender mais sobre isso. As viagens também foram bastante enriquecedoras – como, por exemplo, a que fizemos até a Alesc (Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina). Então percebi que a política não está só em quem vota e em quem é votado, mas que está presente em nosso dia a dia, em cada escolha que nós fazemos.
EVOLUÇÃO – E como foi na prática atuar como vereadora mirim?
VIKTORIA WEIHERMANN – Além de conhecer mais o funcionamento do Legislativo, também pudemos colocar Projetos de Lei, Indicações, Moções, Requerimentos, etc, em votação. Consegui perceber que os vereadores mirins foram perdendo o medo de falar em público ao longo do ano. Isso também foi muito importante. Porém, fiquei um pouco decepcionada, porque várias matérias que foram aprovadas não foram colocadas em prática.
EVOLUÇÃO – O que os vereadores mirins aprovam entra em tramitação normal na Câmara de Vereadores?
VIKTORIA WEIHERMANN – Depende. Os Requerimentos, por exemplo, solicitando asfaltamento de rua ou a colocação de um sinaleiro, eram aprovados pela Câmara Mirim e então seguiam diretamente para os órgãos responsáveis. Não teve nenhum Projeto de Lei no ano, porém – apenas um para mudança de Regimento Interno, que foi reprovado na Câmara Mirim e nem chegou a ir para a Câmara de Vereadores.
EVOLUÇÃO – Mas então o porquê da sua decepção?
VIKTORIA WEIHERMANN – Eu gostei muito de participar, gostei da experiência, gostei das viagens. Acho que existem Câmaras Mirins que são bem mais atuantes do que a nossa, porque existem há mais tempo ou porque os integrantes lançam mais projetos, que são realmente implantados nas cidades, sendo tratados com mais importância.
EVOLUÇÃO – Mas vocês não receberam a devida atenção dos órgãos responsáveis?
VIKTORIA WEIHERMANN – É estranho, porque algumas pessoas pediram algumas coisas e os pedidos foram todos atendidos... Quanto à coordenação do projeto Vereador Mirim, só tenho a agradecer, pois todos foram muito atenciosos e tal. Valeu mesmo pela experiência, para saber como funciona.
EVOLUÇÃO – Muitas pessoas pensam que a Câmara de Vereadores é mais um departamento da prefeitura...
VIKTORIA WEIHERMANN – Tem muita gente que acha que política é só votar e poder ser votado, mas esquece que quando você resolve ficar calado quando alguém fura a sua fila, você também está fazendo política, ou seja, está estabelecendo uma decisão.
EVOLUÇÃO – Nesse caso, é uma política de omissão!
VIKTORIA WEIHERMANN – É como eu disse: a política é muito mais do que acontece em órgãos públicos.
EVOLUÇÃO – Você chegou a acompanhar alguma sessão da Câmara de Vereadores?
VIKTORIA WEIHERMANN – Eu fui a algumas. Em uma viagem a Florianópolis, na quarta-feira (dia 23 de novembro), acompanhamos uma sessão dos deputados estaduais. Aqui em São Bento vi que o Poder Legislativo Municipal é mais organizado do que o Legislativo Estadual. Fiquei bastante surpresa na Alesc com o seguinte: enquanto um deputado está falando, os outros estão todos em pé, conversando, etc... Aqui em São Bento, isso não acontece.
EVOLUÇÃO – Quando atingir a sua idade para votar, você estará bem mais consciente, então?
VIKTORIA WEIHERMANN – Ah, com certeza.
EVOLUÇÃO – Por quê?
VIKTORIA WEIHERMANN – Por conseguir distinguir um pouco mais sobre como funciona, realmente. Na visita à Alesc, soubemos como funciona o Tribunal de Contas, por exemplo. Não é minha vontade ser “política” futuramente. Mas acho que, se os políticos tivessem tido essa oportunidade na minha idade, garanto que hoje já teriam uma noção maior e não demorariam tanto tempo para se adaptarem. Talvez seriam políticos melhores.
EVOLUÇÃO – Tem vereador na atual Legislatura que nunca havia participado de sessão nenhuma... Mas, enfim, o que você disse na Assembleia Legislativa?
VIKTORIA WEIHERMANN – Na parte da manhã da visita, cada Câmara Mirim do Estado teve oportunidade de se manifestar no Tribunal de Justiça. Então eu fui representar a Câmara de São Bento. Falei sobre a experiência de ser vereador mirim, falei como funcionam os projetos aqui, falei sobre o que achei que foi mais gratificante. Na realidade, foi um painel de experiências. Dos trezentos vereadores mirins, foram escolhidos três para falar na Assembleia Legislativa, à tarde.
EVOLUÇÃO – E você foi uma das escolhidas!
VIKTORIA WEIHERMANN – Eu fui uma das escolhidas. Foi um tempo bastante reduzido – e basicamente falei a mesma coisa.
EVOLUÇÃO – Você já disse que não pretende ser política futuramente. Essa decisão, de repente, pode ser revista futuramente?
VIKTORIA WEIHERMANN – Poder, pode. Todos os dias estamos fazendo escolhas, não é? Daqui a cinco anos talvez eu mude a minha ideia. No momento, pretendo ser neurologista.
EVOLUÇÃO – Como você analisa a participação das mulheres na política? Como exemplo maior temos a presidente Dilma (Rousseff). Na própria Câmara de São Bento do Sul, temos duas vereadores, a Nilva (Larsen Holz, PP) e a Adriane (Ruzanowsky, PMDB).
VIKTORIA WEIHERMANN – Até cinquenta anos atrás, as mulheres só ficavam em casa, com suas tarefas domésticas. A partir de agora, nesse mundo moderno, as mulheres começaram a participar mais da sociedade. Então, os papéis das mulheres são cada vez maiores.
EVOLUÇÃO – Você tem algo mais para deixar registrado?
VIKTORIA WEIHERMANN – Quero apenas comentar que eu estava na escola e descobri algo sobre a palavra “candidato”. O significa é mais ou menos “pessoa pura”.