Os sites de alguns dos principais jornais e TVs ao redor do mundo destacaram a ocupação da Favela da Rocinha, que começou na madrugada deste domingo, no Rio de Janeiro. Le Monde (França), The New York Times, The Wall Street Journal, CNN (Estados Unidos), The Guardian e The Independent (Reino Unido), La Repubblica (Itália) e El País (Espanha) estiveram entre os veículos de imprensa que noticiaram a ocupação da favela como preparação para a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. "Aproximadamente 3 mil policiais e soldados foram para uma das maiores favelas neste domingo em um esforço essencial do governo para assegurar controle sobre áreas sem lei da cidade adiantando a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de Verão de 2016", diz o americano The New York Times. O site do jornal afirma que o processo de pacificação não ocorre sempre sem problemas. No complexo de favelas do Alemão, a reportagem lembra que mais de 30 pessoas morreram durante a tomada da região, ao contrário do que ocorreu na Rocinha. A ocupação da comunidade, afirma o texto, é considerada o passo mais importante para "impor ordem" na cidade. O The Independent lembra que o morro fica próximo a alguns dos bairros mais ricos do Rio de Janeiro e seria fonte de boa parte da cocaína distribuída na cidade. O site do jornal britânico também destaca que nenhum tiro foi disparado. O também britânico The Guardian destacou o luxo da casa de três andares do traficante Sandro Luiz de Paula Amorim, o Peixe - apelido que o jornal traduziu para o inglês, "Fish". Na residência, a polícia encontrou uma piscina, uma banheira de hidromassagem - ao lado da cama, no quarto do traficante - e um aquário com um aviso de "Fish": "não bata no vidro!" A prisão de Nem O chefe do tráfico da favela da Rocinha, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, foi preso pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar no início da madrugada de 10 de novembro. Um dos líderes mais importantes da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA), ele estava escondido no porta-malas de um carro parado em uma blitz por estar com a suspensão baixa, em uma das saídas da maior favela da América Latina -, que havia sido cercada por policiais na noite do dia 8 de novembro. Desde o dia anterior, a polícia já investigava denúncias de um possível plano para retirar o traficante da Rocinha. Além de Nem, três homens estavam no carro. Um se identificou como cônsul do Congo, o outro como funcionário do cônsul, e um terceiro como advogado - a embaixada da República do Congo, entretanto, informou não ter consulados no Rio. Os PMs pediram para revistar o carro, mas o trio se negou, alegando imunidade diplomática. Os agentes decidiram, então, escoltar o veículo até a sede da Polícia Federal. No caminho, porém, os ocupantes pediram para parar o carro e ofereceram R$ 1 milhão para serem liberados. Neste momento, os PMs abriram o porta-malas e encontraram Nem, que se escondia com R$ 59,9 mil e 50,5 mil euros em dinheiro. Nem estava no comando do tráfico da Rocinha e do Vidigal, em São Conrado, junto de João Rafael da Silva, o Joca, desde outubro de 2005, quando substituiu o traficante Bem-te-vi, que foi morto. Com 35 anos, dez de crime e cinco como o chefe das bocas de fumo mais rentáveis da cidade, ele tinha nove mandados de prisão por tráfico de drogas, homicídio e lavagem de dinheiro. Nem possuía um arsenal de pelo menos 150 fuzis, adquiridos por meio da venda de maconha, cocaína e ecstasy, sendo a última a única droga consumida por ele. Com isso, movimentaria cerca de R$ 3 milhões por mês, graças à existência de refinarias de cocaína dentro da favela. Fonte: Jornal do Brasil |