por Antonio Tozzi em Miami
Direto da Redação
Está cada vez mais próxima a suspensão da exigência do governo americano para que os brasileiros possam viajar para os Estados Unidos sem precisar submeter-se às longas filas nos consulados e na exmbaixada dos EUA no Brasil.
Um forte lobby vem sendo feito no sentido de terminar com esta exigência como forma de atrair ainda mais brasileiros para a terra do Tio Sam. E não é à toa. Nos últimos cinco anos, os vistos concedidos aos brasileiros pelos postos consulares dos EUA no Brasil aumentaram 234% - mais do que qualquer outro país do mundo. Vale lembrar que China e Índia também registraram fortes aumentos, mas o Brasil lidera com folga.
Para se ter uma ideia da avalanche de vistos, o consulado dos EUA em São Paulo é o que mais emite vistos de entrada para o país em todo o planeta. E os números não param de surpreender. Em 2010, visitaram os EUA 1,1 milhão de brasileiros, dos quais 500 mil estiveram na Flórida, onde gastaram cerca de um bilhão de dólares.
O Departamento de Comércio, o Departamento de Turismo e o governador da Flórida, Rick Scott – que, recentemente, chefiou uma missão comercial e passou uma semana em São Paulo e Rio de Janeiro -, estão na linha de frente para que esta exigência seja suspensa, a fim de incentivar mais brasileiros a conhecer as maravilhas da América do Norte.
Segundo cálculos de especialistas do setor de Turismo, em 2016,aproximadamente três milhões de brasileiros devem vir para cá. Obviamente, os roteiros mais procurados são Miami, com suas praias e vida noturna agitada, Orlando e seus parques temáticos, New York, com a infinidade de opções culturais e gastronômicas, e Los Angeles, com o apelo de ser a meca do cinema mundial. Mas, o país vem sendo cada vez mais explorado pelos turistas brasileiros. Uma reportagem da revista Time disse que até mesmo estações de esqui em Vermont estão procurando pessoas que falam português tal o número de brasileiros inscritos em seus cursos de esqui.
Mas, apesar da forte corrente pra frente, existe a força contrária. Segundo as leis americanas, somente podem ter isenção de vistos nações com índice de rejeição de vistos de 3% ou menos. O Brasil tem um percentual em torno de 5%. Ou seja, é necessário convencer os parlamentares a modificar a legislação para facilitar a aprovação. Além do Brasil, outros países da América Latina, como Argentina e Chile, também podem ser beneficiados.
Há, ainda, outro óbice a ser vencido. O Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla erm inglês) teme que, em caso de abertura, muitos brasileiros que ainda acreditam no “sonho americano” possam embarcar no primeiro avião e desembarcar em qualquer aeroporto do país achando que vai ficar rico.
Ledo engano. Vir para cá atualmente sem perspectivas de viver de maneira legal é uma das piores decisões a serem tomadas. Os EUA passam por uma crise econômica, com alto índice de desemprego, e uma forte onda anti-imigrante, como se fossem os imigrantes os responsáveis pelos problemas pelos quais o país vem passando e não os “gênios” de Wall Street. Outra coisa: os sistemas de monitoramento do Serviço de Imigração estão bem mais aperfeiçoados, portanto, ficar além do tempo permitido pelas autoridades imigratórias não chega a ser uma ideia inteligente.
Por fim, outra questão. Por que motivo o governo americano abriria mão do generoso faturamento proporcionado pelo pagamento das taxas cobradas para a emissão dos vistos? Os defensores da eliminação desta exigência têm a resposta na ponta da língua: “Simples. Porque, com a vinda de mais turistas e pessoal de negócios, o dinheiro que vai entrar nos EUA compensa com muita vantagem a receita obtida com o pagamento das taxas cobradas para emissão dos vistos”.
É algo a se conferir.