Opinião foi manifestada pelo jornalista Washington Novaes, no Workshop Internacional SENAI de Sustentabilidade Ambiental e Têxtil
Blumenau - O jornalista Washington Novaes, um dos mais severos críticos de meio ambiente, defendeu mudanças radicais nas formas de produção e no estilo de vida das pessoas para evitar uma catástrofe ambiental. Ele proferiu a palestra de abertura do Workshop Internacional SENAI de Sustentabilidade Ambiental e Têxtil, promovido pelo Sistema FIESC e realizado no Hotel Himmelblau, em Blumenau. O evento se iniciou na noite de quarta e prossegue nesta quinta-feira, com palestrantes da Alemanha, Espanha, Portugal, além do Brasil.
Na opinião de Novaes, as mudanças devem abranger a matriz energética, os sistemas de transporte, os padrões de construção e o uso de recursos - como água, minerais. "Em matéria de meio ambiente, a humanidade age como a família que gasta mais do que recebe", comparou o jornalista. Segundo ele, o modo de vida do homem moderno "é incompatível com a disponibilidade de recursos, mesmo com 800 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza". Ele salienta que, para evitar que a temperatura média do planeta suba em 2 graus Celsius, o mundo deveria reduzir a quantidade de emissões de carbono em 66%, "mas elas continuam crescendo".
O jornalista entende que a matriz energética precisa ser modificada, ampliando a participação da energia renovável e, que neste aspecto, o Brasil tem grande potencial - dimensões continentais e possibilidade de produção de energia hídrica, solar e eólica. Outra mudança recomendada está no sistema de transporte, com ampliação e recuperação das ferrovias, cujos benefícios são ambientais e econômicos. Os padrões de construção devem ser modificados para a ampliação do aproveitamento de água da chuva e da iluminação natural. "Hoje um shopping center gasta energia com lâmpadas, que aquecem o ambiente, e depois consome mais energia para u ar condicionado compensar o calor produzido pela iluminação". Outra constatação: a retenção da água da chuva pelas residências, mesmo que não fosse aproveitada, reduziria o impacto das chuvas, pois os solos urbanos estão impermeados. Os padrões de construção também devem ser alterados para reduzir a quantidade de entulhos, analisa Novaes, que defende ainda investimentos em pesquisas sobre biologia e clima.
Brasil
Quarto maior emissor de carbono do planeta e 11º em número de vítimas de tragédias ambientais, o Brasil tem seu dever de casa, na opinião de Washignton Novaes. O jornalista defende que o País deva mudar sua posição de não acatar protocolos obrigatórios, pois hoje aceita apenas as recomendações. "O Brasil é um dos países que mais sofrem com as mudanças climáticas, já tivemos um furação, além disso, deslizamentos, enchentes e secas se agravam". Ele observa que a própria pauta de exportações, baseada em commodities, é muito sensível aos problemas ambientais. "Temos que construir uma estratégia que leve em conta padrões de sustentabilidade", defendeu.
Série de eventos discute temas de interesse da indústria
O Workshop de Sustentatibilidade Ambiental e Têxtil é o segundo que o Sistema FIESC, por meio do SENAI, promove para discutir temas relacionados à indústria catarinense. Em setembro, em Joinville, ocorreu o primeiro evento, voltado ao setor metalomecânico. Na segunda quinzena de novembro, outro workshop discute aspectos relacionados ao setor de alimentos, em Chapecó.