Florianópolis - A lentidão do setor público para executar obras de infraestrutura "sobrecarrega" as indústrias. Por isso, "defendo gestão e mais gestão", disse o presidente da Celesc, Antônio Gavazzoni, na abertura da Powergrid Brasil, feira e congresso de energia que a FIESC realiza até sexta-feira (21), em Joinville. "A área pública é muito incompetente e demorada. Qualquer obra leva de oito a dez anos para ser concluída. Não temos tempo para esperar", afirmou ele, enfatizando que as empresas são medidas pelo desempenho em tempo real.
Ele afirmou que para o país continuar crescendo precisa enfrentar dois grandes problemas: as "fraturas" da infraestrutura e a elevada carga tributária. Apesar da crise na Europa, o crescimento dos países emergentes vem puxando o consumo de produtos que o Brasil tem de "sobra", como ascommodities. Mesmo quando o ciclo de crescimento da China esfriar, há outros atores dos quais o Brasil pode se beneficiar, disse ele. Com a projeção de crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) de 5% ao ano até 2020, a tendência é que as "fraturas do passado" apareçam cada vez mais,afirmou Gavazzoni, referindo-se aos problemas estruturais do país. Ele destacou que a decisão da Celesc de investir R$ 1,75 bilhão até 2015 é uma "resposta para Santa Catarina" e o credenciamento para que a estatal seja uma empresa pública mais competitiva. O presidente da FIESC, Glauco José Côrte, afirmou que estudos internacionais mostram que a demanda por energia no mundo deve crescer até 50% nos próximos anos, puxada principalmente por países emergentes. Só na China o aumento do consumo deve ser de 80%. "Diante desse cenário, estima-se rápido aumento dos custos de energia e esse movimento do preço deve causar pressão econômica e social", afirmou Côrte, lembrando que o alerta já foi dado pelo economista americano Robert Shapiro, autor do livro "a previsão do futuro". Côrte salientou que está crescendo ainda mais consciência de que as empresas precisam investir em novas tecnologias e fontes alternativas para reduzir o custo do insumo. "Com o congresso que estamos realizando sobre o tema estamos dando um passo importante na busca por maior eficiência", disse ele. Durante sua palestra, o presidente da Celesc lembrou que o Brasil tem a terceira tarifa de energia mais cara do mundo e que isso não é fácil ser combatido. "Sabemos que não haverá nesse país reforma tributária tão cedo, portanto, continuaremos pagando e sofrendo", afirmou. O peso dos tributos na formação da tarifa é de 45%. A Powergrid Brasil é realizada pela FIESC e organizada pela Messe Brasil, com o patrocínio do SESI, Tractebel Energia e SENAI. Nesta quinta-feira (20), serão realizadas palestras técnicas. Os convites estão disponíveis no site www.powergridbrasil.com.br. Veja abaixo a programação e o perfil dos palestrantes. 20 de outubro 15h Tema: O mercado livre como parceiro na redução de custos e consumo eficiente de energia na indústria Apresentador: Rafael Brasiliense Pereira, gerente de negócios da Tractebel Energia 16 horas Tema: Energia elétrica como fator de competitividade da indústria Palestrante: Regina Maria de Lima Pimentel, diretora de regulação, precificação e riscos da Trade Energy 17 horas Tema: O crescimento da energia renovável na matriz elétrica brasileira e o impacto na migração de consumidores especiais para o mercado livre Palestrante: Cristopher Alexander Vlavianos, diretor presidente da Comerc Energia 21 de outubro 15 horas Temas: Alternativas de contratação de energia elétrica para a indústria e a sua competitividade - tendências do mercado de energia Palestrante: Márcio Sant'Anna, sócio-diretor da Ecom Energia 16 horas Tema: Tributos e encargos do setor elétrico Palestrante: Edvaldo Alves de Santana, diretor da Aneel 17 horas Tema: Compra coletiva de energia elétrica: o modelo que promove a união de empresas e amplia a competitividade da indústria com transparência e segurança Palestrante: Sandro Bittencourt de Souza, gerente de negócios da RBE |