A alta do dólar é prejudicial para quem resolveu viajar e precisa comprar a moeda, mas foi um ótimo negócio para quem deixou o dinheiro guardado em fundos cambiais. Em 30 dias, até o dia 29 de setembro, a valorização soma mais de 15%, segundo dados da Anbima. Apesar da boa rentabilidade, a maioria desses especialistas recomenda este tipo de fundo apenas como proteção contra dívidas ou compromissos em dólar. O dólar começou 2011 cotado na casa de R$ 1,65 e hoje já é negociado a R$ 1,83. "O investidor não deve se levar por esta rentabilidade", diz o economista da LLA Investimentos, Sérgio Manuel Correia. "A moeda avança este ano, mas recuou no ano passado e retrasado", lembra. "Indicamos esse fundo como proteção, um hedge", diz a superintendência de indexados do Itaú Asset Management, Tatiana Grecco. Nos casos em que a pessoa vai viajar, pagar um intercâmbio ou tem uma dívida em dólar é preciso estar amparado contra uma eventual alta da moeda. Por isso, todo o dinheiro que vai sendo poupado para este pagamento pode ser guardado no fundo. Esta categoria de fundo aplica pelo menos 80% da carteira em relacionados diretamente ou derivativos de dólar e euro. Por isso, seguem de perto a variação da moeda. "O mercado cambial é muito volátil e é difícil prever a tendência da moeda", afirma Grecco. O patrimônio da categoria somava R$ 1,010 bilhão em 29 de setembro, tendo captado R$ 873 milhões ao longo do ano. Especialistas concordam que é difícil acertar o ponto exato da cotação mais baixo na hora de adquirir a moeda. "O fundo é uma alternativa para ir aplicando aos poucos e guardando dinheiro", diz Correia. A maioria da carteira dos fundos é direcionada a aplicações de contratos futuros de dólar. "Normalmente são contratos de 30 dias, os mais líquidos do mercado. A diferença entre o preço a vista e o mercado futuro, como os contratos são de curto prazo, é mínima", diz Luiz Augusto Monteiro, responsável pela área de renda fixa da Queluz Asset. Apenas o superintendente executivo da Santander Asset Management, Eduardo Castro, defende os fundos como investimento, mas mesmo assim para diversificar a carteira. "Verificamos o perfil do investidor e recomendamos algum porcentual. É preciso ter cuidado para não se expor muito em câmbio assim como em aplicações de renda variável", diz. No longo prazo, diz Monteiro, os fundos tendem a renda variação cambial mais 2%, por conta de operações que os gestores também fazem no mercado de renda fixa (swap cambial). Prós e contras. Segundo os especialistas, a principal vantagem da proteção via fundo ao invés da compra direta de dólar é a segurança. "Se você compra o papel moeda tem o risco de como guardar o dólar. Para acessar o mercado futuro diretamente fica caro para a pessoa física, cerca de R$ 50 mil", comenta Castro. No mercado cambial à vista não há limites de compra, mas valores que ultrapassem R$ 10 mil devem ser declarados a Receita Federal antes da viagem, o que para o investidor representa mais uma barreira burocrática. Grecco cita como vantagem o fácil e barato acesso a fundos. Segundo dados da Anbima, atualmente existem 48 fundos desta categoria, com aplicação inicial que se iniciam em R$ 1 mil. A desvantagem seria o pagamento de Imposto de Renda e taxa de administração, que acabam reduzindo a rentabilidade. O IR é regressivo, assim como na renda fixa, entre 22,5% e 15%. As taxas de administração variam entre 0% e 3% ao ano. Especialistas ressaltam, contudo, que no mercado à vista não há tarifas nem impostos, mas existe uma diferença entre o preço de compra da moeda e de venda, sempre abaixo (chamado de spread). "As tarifas por vezes equivalem a este spread", diz Castro. Fonte: O Estado de S.Paulo / YOLANDA FORDELONE |