A MORAL e as CRISES da CRISE
("A moral é filha da justiça e da consciência; é uma religião universal" , A. Rivarol)
A profunda e grave crise, que neste momento mergulha Portugal e o Mundo em depressão económica, mas, principalmente, na perturbadora depressão psico-social que aflige jóvens e idosos, ricos e pobres, analfabetos e eruditos, governantes e governados, é resultado do acúmulo - ao longo de décadas - de um sem número de CRISES que foram dominando e derrubando as sociedades, que, principalmente no aspeto MORAL, desceram, em muitos casos, ao mais baixo nível a que um ser humano poderia descer, e a tal ponto tal aconteceu, que muitos ex-humanos chegaram a regredir ao inicial, primitivo e animalesco estágio.
O melhor guia da razão prática é a moral, segundo Jaime Balmes. Será, pois, essa razão prática que forma e enforma a moral, usos e costumes pessoais e sociais; hábitos arraigados ao longo de milênios; usos cimentados com o tempo e a convivência humana ao longo dos tempos; procederes dos homens em sociedade em que o direito coletivo se sobrepõe ao direito individual; modos de vida que sacrificam interesses pessoais por vezes escusos aos interesses das gentes; tradições respeitáveis e respeitadas pelas comunidades, para as quais as crianças eram "sagradas", como "sagrados" eram os idosos, que governavam as tribos, aconselhavam os mais jovens e de todos eram ouvidos, porque eram (são) na maior parte dos casos sensatos, equilibrados, honestos, SÁBIOS.
Desde que os governantes são escolhidos por sua fogosidade, como se de reprodutores se tratasse, a experiência foi sendo alijada do Poder; o saber foi se afastando dos governos; a prudência foi sendo irradiada dos gabinetes; a sensatez deixou lentamente de estar presente nas decisões de governos; os estadistas foram sendo paulativamente trocados por arrivistas, aventureiros, ambiciosos, até charlatães. Despudoradamente, audaciosos e aventureiros são repentinamente declarados baixareis, licenciados, doutores. Investem-se em altos cargos da administração pública compadres despreparados, parentes protegidos, afilhados corrompidos, quando tais cargos exigiam pessoas idôneas, cidadãos impolutos, profissionais competentes, dirigentes dignos.
As crises da crise são o aventureirismo, a incompetência, a ambição, o mau caráter, a desonestidade, a desenfreada ganância de pessoas e grupos, a irresponsabilidade, a falta de vergonha nas caras de muitos, para os quais os fins justificam os meios, não mais importando o BOM NOME, o prestígio ou a autoridade MORAL, pois o que conta é o número de vezes que é citado na mídia, o número de votos angariados com patranhas e mentiras, os milhões arrecadados de qualquer maneira, não importa de quem, de onde, ou de que maneira, mesmo que "roubados" da boca dos esfomeados, dos remédios dos doentes, das magras aposentações dos idosos, dos salários dos desempregados.
As crises da crise são todas de ordem MORAL, de natureza ÉTICA, de origem interesseira, onde pontificam as leis permissivas, a licenciosidade e mesmo promiscuidade de alguns dos novos costumes, onde a educação/instrução conta com o alheamento de muitos pais, da maioria dos responsáveis, de alguns governantes despreparados, libertinos, inconscientes, irresponsáveis.`´E certo que exceções existem, que não podemos generalizar, mas, a quem contestar estas linhas, convido antes a informar-se acerca do que ocorreu na administração e nas finanças dos Estados Unidos antes do rebentar da crise das Sub-Prime; a aprofundar-se acerca das CAUSAS e razões que levaram ao DÉBÂCLE grego, à astronômica divida Portuguesa (e madeirense), ao desastre irlandês, enfim, ao quase generalizado estado de BANCA ROTA que se verifica na União Européia, cujos fundadores e dirigentes chegam a ser endeusados pelos basbaques !.
Mas as causas da crise NÃO são apenas de responsabilidade de dirigentes, de governantes, de políticos; ANTES, e talvez, principalmente, se devam aos cidadãos eleitores que não fiscalizam quem elegem; aos pais que não vigiam, não corrigem, não EDUCAM seus filhos, talvez porque estão demasiadamente ocupados com suas vaidades, com seus vícios, com suas veleidades. E, aqui, a crise continua sendo de natureza MORAL, consequência de novos e condenáveis USOS e COSTUMES, de abandono de DEVERES e RESPONSABILIDADES, do COMODISMO e mesmo COVARDIA, de conformismo. Que - antes de condenar este texto - se apele à consciência de que nos fala Rivarol; se relembrem os PRINCÍPIOS que guiavam a vida de nossos pais, SE ESTUDE O SER E PROCEDER DE ALGUNS GOVERNANTES E ESTADISTAS QUE NOS PRECEDERAM.
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Bom Domingo a todos. Cordialmente,
JVerdasca
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