Na semana do aniversário de São Bento do Sul, o prefeito Magno Bollmann recebeu o Evolução em seu gabinete para falar, entre outras coisas, do Restaurante Comunitário (logo depois de almoçar no mesmo, após inaugurá-lo), do futuro entreposto de mel, das inaugurações que estão sendo feitas, da parceria com o governo federal e do relacionamento com o governo estadual, das obras de esgoto na área central e da possibilidade de concorrer à reeleição
EVOLUÇÃO - Boa tarde, prefeito, tudo bem? Como estava o almoço (no Restaurante Comunitário)?
MAGNO BOLLMANN - Estava bom, muito bom. Olha, é o seguinte: dependendo da demanda, esse projeto pode ser levado para alguns bairros, através das Associações de Moradores, por exemplo. Mas isso só acontecerá em função da necessidade. Toda essa questão que envolve a cadeia produtiva - e mesmo o setor dos agricultores - está relacionada ao cumprimento do Conselho de Segurança Alimentar. Esse conselho é previsto em lei. Uma vez instituído, ele deve oferecer rigorosamente uma estrutura, envolvendo profissionais da área. Veja o exemplo das feiras, das estufas, das hortas comunitárias, do Econsciência. Todas as quarenta e oito unidades da Educação têm hortas. Entendemos o seguinte: você é aquilo que come. Se você se alimenta mal, você não tem vontade de trabalhar, você não produz, você adquire doenças mais facilmente. Tenho certeza que esse programa, em médio e longo prazos, vai disponibilizar o alimento básico para toda a população. Esse é o nosso grande interesse. Outra coisa: que ninguém se atreva a mudar o processo, porque já estará sacramentado, assim como hoje já existem os atendimentos da Saúde, da Educação. Existe todo um aparato de profissionais, de infraestrutura, etc. O que acho importante é dar suporte ao pequeno produtor, que pode entregar diretamente seus alimentos, sem intermediação. Com isso, ele tem mais renda. Atualmente, o produtor está na dependência dos maiores e vive sendo sacrificado com uma condição mínima de preço pelo que ele produz. O próprio Restaurante Comunitário, que acabamos de inaugurar, pode ser servido pelo PAA.
EVOLUÇÃO - O PAA é o Programa de Aquisição de Alimentos?
MAGNO BOLLMANN - Sim, é um programa do governo federal. Então, tudo isso representa que vamos dar a devida atenção, através da Secretaria de Assistência Social, da Secretaria de Educação e da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente. A nossa meta é que pelo menos duzentas famílias retornem às suas atividades de origem. Para minha surpresa, quando fomos inaugurar a Feira Livre de Oxford, dois feirantes tinham acabado de vir de outra atividade. Então veja: eles estão acreditando em nós e em uma política pública do governo federal. Hoje, através de uma simples pesquisa de mercado, podemos fornecer merenda escolar, com vinte e cinco mil refeições, através da agricultura familiar.
EVOLUÇÃO - Já existe um cliente certo, que é a prefeitura?
MAGNO BOLLMANN - Justamente. Temos que lembrar que são produtos livres de agrotóxicos. Vamos incentivar muito isso daqui para frente. Para fazer agricultura orgânica, tem a questão das pragas, por exemplo. Aí as estufas serão muito importantes, porque elas são praticamente fechadas, sem interferência maior das pragas que por ventura possam atacar as plantas. Os agricultores estão muito animados e essas estufas estão praticamente concluídas.
EVOLUÇÃO - Aproveitando o assunto, prefeito: e o entreposto do mel?
MAGNO BOLLMANN - É o seguinte: estamos recebendo um caminhão. Esse projeto tem muitos itens, porque o entreposto do mel atenderá a quatorze municípios. É uma estrutura respeitável. Já recebemos um veículo de carga menor também. Também vamos fazer uma parceria com uma cooperativa, a Coperdotchi - isso já está acertado. De certa forma, ela fará a gestão desse processo, mesmo porque ela já tem a cadeia comercial. Em princípio, queremos ceder um profissional da prefeitura.
EVOLUÇÃO - Existe alguma previsão de inauguração?
MAGNO BOLLMANN - Queremos inaugurá-lo antes do final do ano. Essa é a nossa pretensão. Teremos uma reunião com a Secretaria de Agricultura para montar todo o arcabouço jurídico necessário, mesmo porque precisamos do Sistema de Inspeção Federal (SIF) implantado. É um processo um pouco moroso, mas vamos chegar lá. Queremos começar com os pés no chão, para que a coisa funcione. Aliás, hoje mesmo (segunda-feira 19) assinei a documentação final para recebermos o restante dos equipamentos.
EVOLUÇÃO - E essas inaugurações todas em setembro, prefeito? Coincidência ou foi tudo arquitetado para servir como presente à população?
MAGNO BOLLMANN - Penamos muito para chegar nisso. Eu estava dizendo para a Margareth (Bayer Keiser, secretária do gabinete) hoje de manhã: "Estou vivendo um momento ímpar na prefeitura". Existia aquela ansiedade de fazer tudo o quanto antes, mas houve toda uma arrumação da casa, com encaminhamento de projetos para conquista de recursos. Quando é recurso federal, há todo um trâmite para seguir. O centro administrativo é lá em Brasília e temos que ter, aqui, essa ligação. Graças a Deus, essa ligação foi feita e nos demos bem. Agora, os projetos estão acontecendo. Uma coisa que eu nem sonhava que pudesse acontecer, por exemplo, foi o caso da Estação Ferroviária de Serra Alta. Lá teremos um Museu da Música, inclusive com oficinas para a população. Fizemos uma parceria com uma empresa e ela nos garantiu que vai bancar o projeto - as obras. Serão quatro parcelas que serão cedidas - em janeiro, fevereiro, março e abril - para recuperarmos a estação.
EVOLUÇÃO - Valeram à pena essas viagens a Brasília?
MAGNO BOLLMANN - Apenas no caso da Estação Ferroviária, foram dois anos para transferir o prédio para o Município. Foram dois anos para desembaraçar todo esse projeto.
EVOLUÇÃO - Que burocracia!
MAGNO BOLLMANN - Em Serra Alta, também teremos a chamada Praça do PAC. Serão R$ 2,1 milhões de investimentos! Será outro presente para o bairro. Agora no dia 23 (amanhã, sexta) tem a entrega de mais cento e oitenta e uma casas no Loteamento Alpestre.
EVOLUÇÃO - Tem bastante coisa em São Bento em parceria com o governo federal, não é?
MAGNO BOLLMANN - São muitas parcerias. Tem as casas, a Praça do PAC, o entreposto do mel, o Instituto Federal. Aliás, acabamos de mostrar à reitoria o terreno para o Instituto Federal. Serão em torno de cinquenta mil metros quadrados. Dia destes fizemos uma reunião com todos os segmentos da sociedade envolvidos no projeto. Foram escolhidos três cursos para um primeiro momento: Gastronomia, Manutenção Automecânica e Controle Ambiental. Para chegar até aqui, foi uma verdadeira maratona. Agora em setembro já estamos largando uma série de publicações de ações do nosso governo. Tem o financiamento para asfalto em quatorze ruas, através do Badesc - são R$ 6,5 milhões. Também tem mais R$ 3 milhões através do Provias. A licitação já começou, inclusive. Todas essas ações fazem com que sejamos vencedores, juntamente com a população e com essa parceria com os governos. Demorou um pouco para acontecer, mas está acontecendo agora.
EVOLUÇÃO - Senhor Magno, estamos na semana em que São Bento do Sul faz aniversário e, coincidentemente, inicia a primavera.
MAGNO BOLLMANN - Acho que a autoestima do povo melhorou. Aqui, estamos com uma grande motivação dos nossos funcionários, porque existem as melhorias que estamos fazendo, inclusive na questão salarial. Tudo isso está fazendo com que nos sintamos mais felizes. Foi difícil chegar até aqui? Confesso que foi. A equipe, porém, é muito boa. Com nosso Comitê Gestor nos reunimos todas as segundas-feiras. Hoje de manhã tivemos uma reunião - são três ou quatro horas de discussões sobre os projetos que estamos desenvolvendo. Cada ação é esmiuçada rigorosamente e vamos cobrando as datas para execução das obras, como as de asfaltamento, as das duas creches que serão construídas - uma na Vila União e outra no Loteamento Alpestre (bairro Lençol), com R$ 2 milhões de investimentos. Isso vai começar este ano. Também haverá mais dois ginásios de esportes para escolas. Acho que hoje o povo tem a assistência que merece na Educação e na Saúde, por exemplo. Ainda podemos melhorar - e vamos melhorar. Faremos a informatização de todos os Postos de Saúde, o que vai gerar uma economia enorme e uma melhoria no atendimento. Tem a ajuda do Terceiro Setor, das Oscips, porque haverá o pagamento de todo esse trabalho. Temos os Agentes Comunitários de Saúde, que estão diretamente ligados ao setor. A população também pode comemorar por causa dos CRAS (Centros de Referência em Assistência Social), porque hoje temos unidades que atendem mil e quinhentas pessoas cada. É algo muito representativo, porque são atendidos os mais necessitados. São parcerias muito próximas com o governo federal, que tem dado prioridade e atenção às necessidades urgentes do povo. Se hoje eu tenho algum dever com alguém, é com o governo federal, sem dúvida. Na questão do saneamento, há quem diga que se trata apenas do enterro de tubos. Que é isso? Cada R$ 1,00 empatado em saneamento significa R$ 4,00 economizados em Saúde. É um grande ganho à população.
EVOLUÇÃO - Agora vêm as obras de esgoto na área central de São Bento do Sul. Por mais que se fale da importância das obras, o senhor acredita que a população está preparada para os transtornos que virão, por mais que o Samae minimize ao máximo os problemas?
MAGNO BOLLMANN - Não conseguiremos reparar, por assim dizer, todos os reclames da comunidade. Claro que haverá transtornos! Porém, vamos fazer a tubulação e imediatamente cobri-las. Queremos fazer um trecho, colocar os tubos e fechar! Isso para que a população tenha um menor impacto. Primeiramente serão feitas as transversais, as laterais, para depois fazermos a base principal. Haverá um rigoroso controle por parte da Secretaria de Planejamento e pelo Samae. A empresa que estava aí não tinha a mínima consideração por isso. Ele não olhava essa questão. Nós, que vivemos o dia a dia de São Bento do Sul, sabemos como fazer. Serão feitas reuniões antecipadas, coisa que não foi feita no passado. Essa é uma estratégia que queremos estabelecer.
EVOLUÇÃO - O senhor falou bastante do governo federal. E o governo estadual? O senhor esteve com o governador (Raimundo Colombo) esses dias. O senhor falou, por exemplo, da nossa cada vez mais precária Rodovia dos Móveis?
MAGNO BOLLMANN - Perguntei para ele, que disse que vai verificar "com urgência" essa questão da SC-301. Porém, não foi dada nenhuma sinalização de quando vai acontecer. Estivemos reunidos com o governador com mais de quarenta prefeitos. O que foi nos garantido é que podemos ter apoio do governo estadual. Na ocasião anterior, tivemos apoio apenas de um deputado, mas não do governo. Foi o Onofre (Agostini/DEM) que deu o dinheiro para fazermos o PSA (Pagamento por Serviços Ambientais) e para fazermos o Plano de Manejo da APA (Área de Preservação Ambiental Rio Vermelho/Humbold). Inclusive estou mandando um relatório a ele, prestando contas. Agora, o governador foi muito enfático, dizendo: "Vocês nos ajudem a administrador o Estado e nós vamos ajudá-los a administrar também". O (deputado) Silvio (Dreveck/PP), de acordo com informações que recebi da SDR (Secretaria de Desenvolvimento Regional), seria o representante do governo do Estado aqui. Virão auxílios para fazer a Expoama, para as escadarias da Igreja Matriz, para o Centro Cultural (Dr. Genésio Tureck), para a (antiga) Móveis Leopoldo. Sobre as inaugurações, tem muitas obras que vão ficar para depois, para outubro e novembro.
EVOLUÇÃO - E aí logo acaba o ano! O próximo, 2012, será ano eleitoral. Não tem como não ser diferente o clima que estaremos vivendo ano que vem, porque se trata da eleição mais próxima da população. O senhor não deixa de pensar nisso também, certo?
MAGNO BOLLMANN - Lógico. Também penso nisso. Vamos implantar o que pudermos implantar ainda este ano. Não que não possamos fazer no ano que vem. Pode ser feito, desde que sejam obedecidas as regras. Até março, por exemplo, as obras podem ser contratadas. Também existe outro componente, que é o componente político. Vai haver um tempo ideal para se fazer política - três ou quatro meses antes das eleições. Aqui dentro (da prefeitura), não quero que ninguém se meta a fazer politicagem, porque vou ser duro. É mais ou menos por aí.
EVOLUÇÃO - Naqueles três ou quatro meses anteriores à eleição, o senhor estará a mil?
MAGNO BOLLMANN - Vamos estar trabalhando com força!
EVOLUÇÃO - O senhor estará em campanha?
MAGNO BOLLMANN - Eu faço "campanha" todos os dias. Político que é político faz campanha todo dia, porque tem isso na veia, no sangue. Não se salva a pátria nos últimos meses. As atividades serão normais. Também tem a questão do respeito ao partido. Sempre respeito muito a coletividade. Depende muito da vontade de o partido decidir se eu devo assumir novamente um compromisso político. Vou deixar a cargo do partido.
EVOLUÇÃO - Se o partido decidir, o senhor continua?
MAGNO BOLLMANN - Se o partido achar que eu tenho condições de continuar a peleia, eu continuo. Quero dizer, porém, que não quero me adiantar, porque a gente vira vidraça muito cedo. Também não quero apagar o sonho daqueles que, por ventura, queiram ser candidatos a candidato.
EVOLUÇÃO - Muito bem, prefeito. Algo mais para deixar registrado nesta semana de aniversário de São Bento do Sul, local onde nascemos, crescemos, vivemos, temos família, trabalhamos...?
MAGNO BOLLMANN - São 138 anos! A comunidade de São Bento do Sul pode-se orgulhar, porque atingimos o maior pico de empregos em toda a história. São cerca de vinte e sete mil empregos, o que jamais São Bento teve. No auge das exportações, em 2004/2005, foram vinte e cinco mil empregos. Atingimos um excelente estágio de empregabilidade. O que quero registrar - e isso não é dito por mim, mas por uma avaliação que foi feita - é que a nossa maior virtude é uma administração com seriedade. Ninguém nos pichou por corrupção ou por má utilização de recursos públicos. Essa é a maior grandeza que carregamos. As obras dão votos, mas não ganham uma eleição. Eu converso direto com o povão. Você tem que se identificar com a população, ter essa identidade com o povo. É isso que o povo quer. Quero dizer o seguinte, também: ninguém vai se arrepender por ter votado em nós. Se não querem votar em nós para repetirmos um novo mandato, não tem problema, mas ninguém vai se arrepender de ter votado em nós para esse mandato atual, porque vamos cumprir todo o nosso plano de governo.
EVOLUÇÃO - Não vai faltar nem um item?
MAGNO BOLLMANN - Não vai ficar praticamente nem um item. Também havia o plano de governo com a comunidade empresarial, que apresentou doze itens para cumprirmos. Todos eles serão cumpridos até o final deste ano - quer dizer, com um ano de antecedência. Falamos durante toda a nossa campanha que iríamos fazer uma administração compartilhada. Esse compartilhamento com a sociedade civil é de suma importância. Hoje, na inauguração do Restaurante Comunitário, perguntei se havia uma parceria assim entre a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) e o poder público no Estado. Ninguém soube dizer! Então, às vezes a gente tem que ter coragem e ousar na hora de fazer.
EVOLUÇÃO - Que mensagem o senhor deixa nesta ocasião, o aniversário de São Bento do Sul?
MAGNO BOLLMANN - Quero deixar toda a população tranquila. As dificuldades existem, mas existem para serem superadas. Também quero parabenizar todo o povo de São Bento do Sul, que tem nos dado uma força enorme para conduzir este barco. Temos tido grande participação da comunidade nas ações que temos feito. Quero agradecer esse carinho com que a comunidade tem me tratado. Em nenhum momento tenho sido desmerecido pela comunidade. Da mesma foram, eu respeito a comunidade e o cidadão são-bentense. Também quero fazer um elogio particular à imprensa, que leva essa mensagem do setor público para o povo. A imprensa tem sido esse grande elo de ligação entre a comunidade e a administração pública. A imprensa tem cumprido seu papel - com raras exceções, tem alguns pequenos problemas, porém. Eu digo: quando há uma crítica construtiva, não tem problema nenhum. Por fim, quero deixar meu grande abraço à comunidade de São Bento do Sul pelos 138 anos do Município.