De acordo com o líder, a decisão foi tomada pelo próprio ministro, que alegou ao partido "precisa de tempo para se defender". Segundo Alves, a bancada peemedebista na Câmara agora vai se reunir para definir o substituto de Novais.
A permanência de Novais foi tema de uma reunião no gabinete do vice-presidente Michel Temer nesta tarde. Ao chegar para a reunião — da qual participaram o próprio ministro, Alves e o vice-presidente, Novais disse que não sabia qual era o motivo da convocação.
— Não sei que reunião é essa. Eu vim conversar com o meu amigo, o vice-presidente Michel Temer.
Pedro Novais é deputado federal licenciado pelo PMDB-MA. Eleito no ano passado, ele se licenciou do mandato para assumir o cargo de ministro, por indicação da bancada do partido na Câmara.
Desde que assumiu a pasta, em janeiro, Novais virou foco constante de denúncias. Na última, publicada hoje pelo jornal Folha de S.Paulo, o Planalto soube que o ministro usa um servidor da Câmara, Adão dos Santos Pereira, como motorista particular da mulher dele, a aposentada do serviço público Maria Helena de Melo.
Adão servia no gabinete de Novais, quando ele era deputado federal pelo PMDB do Maranhão. Quando deixou o cargo para assumir o Turismo, o motorista foi transferido, em um jogo cruzado de favores políticos e fisiológicos comum no Congresso, para o gabinete do deputado Francisco Escórcio (PMDB-MA) — Novais e Escórcio são aliados incondicionais do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Pagamento de governanta com dinheiro público
Na terça-feira, outra reportagem da Folha mostrou que Novais teria usado dinheiro público para bancar o salário da governanta de seu apartamento em Brasília. O pagamento irregular teria sido feito de 2003 a 2010. A empregada Doralice Bento de Sousa, 49 anos, receberia como secretária parlamentar na Câmara, nomeada por Novais.
Operação Voucher
Deflagrada em agosto pela Polícia Federal, a Operação Voucher investiga um suposto esquema de desvios relacionados a um convênio firmado entre a ONG Ibrasi (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável) e o Ministério do Turismo para capacitação profissional no Amapá.
Ao todo, 36 pessoas foram presas na operação em Brasília, São Paulo e no Amapá, incluindo o atual secretário-executivo do ministério, Frederico Silva da Costa, que está na pasta desde 2003.