Detalhes do evento do último final de semana, que contou com a "The Bloodclots", de Seattle/EUA
Seattle é a maior cidade do Estado de Washington, Estados Unidos, com mais de 600 mil habitantes. Cosmopolita, é um centro comercial, financeiro, industrial e turístico. Seattle também se destaca pela safra musical. De lá emergiram bandas consagradas no cenário mundial, como "Pearl Jam", "Alice in Chains", "Soundgarden" e "Nirvana", além de ser a cidade-natal de Jimi Hendrix, um dos maiores - senão o maior - guitarrista de todos os tempos. Na noite de 2 para 3 de setembro, sexta para sábado do último final de semana, o município de São Bento do Sul, no planalto norte de Santa Catarina, distante milhares e milhares de quilômetros de Seattle, entrou na mapa das apresentações de outra banda da cidade norte-americana: "The Bloodclots".
Os gringos, em turnê pelo Brasil, chegaram ao aeroporto de Joinville vindos de São Paulo, na manhã de sábado. O são-bentense Rolf Rothbarth foi um dos responsáveis pelo traslado de alguns dos integrantes da banda a São Bento do Sul - ao todo, três carros fizeram o serviço. Ele conta que os americanos estavam um tanto quanto "emburrados e cansados" quando chegaram, por volta das 11:30. Na noite anterior ocorreu uma série de problemas - inclusive com falta de pagamento de cachê e transporte -, o que acabou cancelando uma apresentação da banda no interior do Estado de São Paulo.
"FRIED BANANA, FRIED BANANA!"
De acordo com Rolf, entretanto, assim que avistaram a Serra Dona Francisca (sexta deu um dia limpo, de sol, favorecendo a paisagem), eles começaram a ficar mais animados, inclusive solicitando uma parada para registro do cenário do distrito de Pirabeiraba no mirante da serra, com filmagens e fotografias. Já em São Bento do Sul, a comitiva, formada também por outras bandas, almoçou em um restaurante no trevo de Oxford e depois seguiu para a Public House (proximidades do Salão Pauli), local da apresentação. Curiosidade: na hora do almoço alguns ficaram impressionados com uma das opções: a banana frita. "Fried banana, fried banana!", repetiam.
Ainda por conta da noite anterior, os integrantes da "The Bloodclots" tiraram uma soneca na própria Public House, enquanto organizadores do evento acertavam os últimos detalhes, como a passagem de som e os bastidores com a banda "Luta Armada", de Poá/SP, com a qual foi conseguida uma espécie de parceria para incluir São Bento do Sul na rota dos gringos, que do planalto norte catarinense seguiram para Canoas, no Rio Grande do Sul, para a última apresentação da turnê em solo brasileiro. O show em São Bento foi o único em Santa Catarina.
ESFORÇO PARA COMUNICAÇÃO
O contato foi possível graças à banda são-bentense "Rejects S.A.", que tem no mercado o CD "Falar versus Ouvir", contemplado com a Lei Municipal de Incentivo à Cultura de São Bento do Sul (Simdec). Graças aos contatos de bastidores - e à ajuda inestimável da "Luta Armada" -, a banda norte-americana sequer cobrou cachê, pedindo apenas passagens aéreas, transporte, hospedagem e alimentação - antes do show o cardápio foi servido em forma de marmitas, pelo mesmo restaurante em que eles almoçaram. Por volta das 21:00 tiveram início as apresentações.
Na sequência, as rio-negrinhenses "Os Diabo A Quatro" e "Bomba no Porão" e a própria são-bentense "Rejects S.A.", seguida pela "Luta Armada" e, finalmente, pela "The Bloodclots". A reportagem do Evolução acompanhou o show e presenciou aplausos dos gringos para as bandas locais. Enquanto aguardavam a sua vez, os integrantes da "The Bloodclots" estavam em meio ao público, curtindo as apresentações e conversando com a galera. "Os caras são bastante humildes e simples", conta o jornalista Elvis Lozeiko. "Eles inclusive se esforçaram para se comunicar com quem não é tão fluente no inglês", explica Lozeiko. Algumas pessoas, porém, não tiveram nenhuma dificuldade para conversar com os americanos, pois têm mais intimidade com a língua inglesa.
"ELES GOSTARAM DO POVO"
Aos integrantes das bandas locais e em conversas com o público são-bentense, os membros da "The Bloodclots" disseram que o show em São Bento do Sul havia sido o melhor da turnê até então (foi a penúltima das apresentações). Disseram, também, que gostaram da cidade e que daqui a dois anos, quando a banda deve realizar nova turnê no Brasil, eles querem retornar a São Bento do Sul, "a very crazy city" ("uma cidade muito louca"). Com toda a correria por conta da turnê, não houve muito tempo disponível para mostrar a cidade de São Bento do Sul com mais calma para os gringos, que não chegaram a passar pela área central, por exemplo.
A "The Bloodclots", formada em meados dos anos 90, tendo como primeiro trabalho oficial o EP "Chaos Day Is Almost Here 7in", ainda conta com "Let This Be Your Reveille CD" e "Clot You To Rot 12 inch". Na página oficial da banda - www.thebloodclots.netai.net/default.html - é possível baixar a discografia completa. Conforme o guitarrista da banda são-bentense "Rejects S.A.", Johnny Schwetler, exemplar do jornal Evolução de 20 agosto, com reportagem sobre o evento em São Bento, foi entregue aos norte-americanos. Johnny também disse que o exemplar com esta matéria, de hoje, será enviada via correio para os colegas punks. O guitarrista afirma que os integrantes da "The Bloodclots" destacaram a hospitalidade são-bentense. "Eles gostaram do povo, porque todo mundo os tratou muito bem", afirma.
FRIO E REPERCUSSÃO
Os próprios gringos também demonstraram bastante educação - na hora do almoço, por exemplo, a cada atendimento ou gesto, respondiam com o ligeiramente americanizado "obrigado". Johnny também contou outros detalhes sobre os bastidores. "Eles quase morreram de frio", exagera, lembrando que os questionou o porquê, uma vez que em Seattle costuma nevar. "Eles disseram que lá é frio, mas que não tem esse vento e essa umidade de São Bento". O vocalista do "The Bloodclots", aliás, arriscou algumas palavras em português durante o show, falando do frio, situação logo contornada devido à temperatura do próprio show punk/hardcore em São Bento, que ganhou registro em diversas páginas da internet e também no jornal "A Notícia" de terça-feira, dia 6, na coluna impressa e no blog "Orelhada", de Rubens Herbst.