A exposição da população a condições precárias de saneamento implica em problemas de saúde, que podem levar a incidência de doenças de veiculação hídrica. É o que mostra dados do DATASUS presentes no Painel Saneamento Brasil, do Ministério da Saúde. Conforme levantamento, entre 2021 e 2022, a região Sul registrou mais de 23 mil internações por falta de saneamento básico. Um aumento de quase 10 mil casos associados a doenças de veiculação hídrica.
A ausência do tratamento adequado da água e o despejo irregular de esgoto resultam em doenças como diarreia, febre amarela, dengue, leptospirose, malária e esquistossomose, explica o médico infectologista Hemerson Luz.
“A diarreia com as suas diversas causas, as infecções de peles, as parasitoses intestinais podem ter repercussões graves, principalmente em crianças que estão convivendo com a insegurança alimentar, pois a desnutrição associada à falta de saneamento pode ter um impacto importante na qualidade de vida e na expectativa de vida dessas crianças”, lamenta.
Ainda de acordo com dados do DATASUS (2022), foram registrados 350 óbitos ocasionados por essas enfermidades – um aumento de 100 óbitos quando comparados com o ano anterior.
Para a presidente executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, o aumento dessas doenças demanda mais despesas públicas e privadas com o tratamento das pessoas infectadas e ainda piora a situação de quem vive em áreas com ausência dos serviços de saneamento.
“A falta da rede de esgoto e o fato de não ter banheiro nas áreas rurais pioram ainda mais a situação. Muitas vezes a população tem uma fossa na sua residência, ou sequer uma fossa, só uma fossa negra e cavam um poço para buscar água, muitas vezes em regiões ao lado, de onde se está lançando esse esgoto bruto e isso traz todas as doenças associadas à falta de saneamento básico”, reforça.
Os números do DATASUS revelam que, só na região Sul, foram gastos mais de 11 milhões com internações de enfermidades associadas à ausência de saneamento.
Segundo Luana Pretto, para mudar esse cenário serão necessários investimentos e comprometimento. “Só assim será possível reduzir as despesas com internações, promover qualidade de vida e bem-estar da população”, observa.
Fonte: Brasil 61