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Enchentes no Rio Grande do Sul: como é o processo de luto pela perda de vidas, lares e raízes cultur

Segunda, 20 de maio de 2024

 

Psicóloga especialista em luto explica como as pessoas se sentem e quais os caminhos mais saudáveis para lidar com a dor.

 

As enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul nos últimos dias trouxeram uma onda de dor e luto para muitas famílias. Além da perda de entes queridos, muitas pessoas enfrentam a difícil realidade de terem perdido suas casas, que representavam mais do que uma estrutura física; eram o cenário onde histórias de vida, memórias e momentos importantes foram construídos.

 

O luto, neste contexto, não se limita apenas à ausência de uma pessoa. Ele se estende à perda do lar, do trabalho, dos bens materiais e das raízes culturais que definem a identidade de uma comunidade. A psicóloga especialista em luto, Soraya Lopes, comenta que "não é apenas a casa que é destruída, mas sim o lar, onde a dinâmica familiar acontecia, onde todos se reuniam para refeições e convivência".

 

As raízes culturais, passadas de geração a geração, também são afetadas. As tradições e momentos culturais, que faziam parte da identidade das comunidades, são interrompidos. A especialista destaca que "essas raízes culturais, com o tempo, retornam, pois estão gravadas na mente como uma tradição, mas existe um período de luto dessas raízes, onde a pessoa se nega a pensar nesses momentos alegres".

 

O processo de luto segue estágios típicos que incluem negação, raiva, negociação, depressão e aceitação, embora esses estágios não ocorram de forma linear. "Quando a notícia do desastre chega, o primeiro estágio é o choque. As pessoas não acreditam que isso possa ter acontecido com elas", explica a psicóloga. A negação pode se manifestar na esperança de que os entes desaparecidos estejam apenas perdidos, enquanto a raiva busca culpados, desde os serviços de socorro até a própria divindade.

 

Para as crianças, o luto é particularmente complexo. Os adultos muitas vezes usam metáforas como "viraram uma estrelinha" para suavizar a perda, mas isso pode criar medos e confusões nas crianças. Lopes aconselha que "a melhor coisa realmente é falar a verdade, não deixar a criança, mesmo que pequena, fora dos fatos que estão acontecendo, pois isso ajuda a evitar traumas maiores no futuro".

 

 

Além das enchentes, como ficam os impactos na saúde mental e o estresse pós-traumático

 

O impacto psicológico das enchentes não se limita ao luto. Muitas pessoas podem desenvolver estresse pós-traumático, uma condição que pode levar a sintomas como ansiedade, depressão e isolamento. "No estresse pós-traumático, há uma interiorização de uma situação de muito medo que se passou, levando a pessoa a se calar e se fechar", detalha a psicóloga.

 

A resiliência é um desafio neste momento. A reconstrução emocional e física das vidas afetadas requer um suporte contínuo e multidisciplinar. "Não existe resiliência imediata num desastre dessa magnitude. Essas pessoas terão que colocar as mãos à obra para reconstruir suas vidas, e isso envolve um novo começo, uma nova forma de viver", afirma.

 

Neste cenário de tragédia, o papel dos voluntários e das equipes de saúde mental é crucial. A psicóloga ressalta a importância de cuidar também desses cuidadores: "A psicologia tem que cuidar desses cuidadores, pois muitas vezes eles se solidarizam de tal forma que acabam se afetando mentalmente".

 

A longo prazo, as sequelas podem incluir ansiedade, depressão e um sentimento de desamparo quando as operações de resgate se retiram. Portanto, é essencial que a ajuda psicológica e social continue de forma efetiva para prevenir que esses efeitos se agravem.

 

As enchentes no Rio Grande do Sul deixaram um rastro de luto que vai além da perda de vidas. “A reconstrução das casas, das memórias e das tradições culturais será um processo longo e doloroso, mas com o apoio adequado, é possível encontrar um caminho para a recuperação”, destaca.

 

 

Sobre a psicóloga Soraya Lopes: Desde a adolescência, Soraya Lopes sentiu uma paixão ardente pela psicologia, um campo que sempre a encantou profundamente. Embora seus pais desejassem que ela seguisse uma carreira no turismo, devido à sua natureza comunicativa, Soraya persistiu em seu sonho de estudar psicologia. Determinada, ela se inscreveu na Pontifícia Universidade Católica, mas, após a notícia inesperada da aposentadoria do pai, não hesitou em buscar alternativas. Transferiu-se para a antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Farias Brito, onde conciliou trabalho e estudos, inicialmente na Tesouraria da Faculdade de Direito das Faculdades Integradas de Guarulhos. Durante sua formação, Soraya adquiriu experiência em recrutamento e seleção na Ultragás e depois na Infraero, no Aeroporto de Congonhas. Sua dedicação à educação continuou com uma pós-graduação em Recursos Humanos pela PUC e, posteriormente, uma especialização em Psicologia Desportiva, outra de suas paixões. Com uma carreira extensa na Prefeitura Municipal de Guarulhos, Soraya trabalhou em várias áreas, incluindo hospitais e secretarias de Esportes e Educação. Motivada por uma palestra do Dr. Alfredo Simonetti, Soraya decidiu se especializar em luto, expandindo ainda mais sua expertise. Nunca acomodada, ela ainda encontrou tempo para cursar Direito, tornando-se bacharel e atuando como jurada na Comarca. Com uma visão holística, Soraya aborda temas como bullying não apenas em escolas, mas também em grandes empresas, refletindo seu compromisso contínuo com o bem-estar psicológico e a justiça.

 



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