A vacinação contra a dengue para a faixa etária de 10 a 11 anos iniciou nesta sexta-feira (9) no Distrito Federal e em Goiás. Segundo o Ministério da Saúde, a distribuição para as unidades federativas foi feita com um lote de 212 mil doses entregues pela fabricanteTakeda.
Os estados da Bahia, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Amapá, São Paulo e Maranhão vão receber o imunizante ao longo dos próximos dias. Ao todo, 315 municípios devem ser contemplados com o lote inicial.
Ainda segundo a pasta, com a entrega de novas remessas, a previsão é que todos os 521 municípios selecionados — cidades com alta taxa de incidência de casos de dengue e que possuem mais de 100 mil habitantes — recebam doses para a vacinação até a primeira quinzena de março. Com o recebimento das 6,5 milhões de doses previstas para 2024, a vacinação de todo o público-alvo de 10 a 14 anos nos municípios contemplados deve ocorrer ao longo do ano.
Em paralelo, o Ministério da Saúde informou que está trabalhando para ampliar a produção de vacina contra a dengue no Brasil. A ideia da pasta é “unir e coordenar esforços para ampliar o acesso de toda população às vacinas Qdenga, produzidas pelo laboratório japonês Takeda, e Butantan-DV, que está em desenvolvimento pelo Instituto Butantan”.
Entretanto, mesmo com a ampliação da vacinação contra a dengue, os cuidados preventivos para evitar a proliferação do mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti, devem ser mantidos, como explica o epidemiologista Wildo Araújo.
“A vacina é mais uma arma dentro das medidas de controle que nós temos para o evitar a ocorrência da dengue. Mas as formas principais para a gente evitar a ocorrência da dengue claro que inicia com o saneamento básico, com cuidado para evitar a ocorrência de lixo ou a necessidade de reservação de água para uso de água potável. Retirando principalmente os resíduos das nossas residências, que permitem com que os mosquitos depositem os seus ovos”, explica.
“Isso não quer dizer que a vacina, como uma nova ferramenta no combate à dengue, não deva ser usada. Ela deve seguir o uso. Esperamos que, com o apoio do Ministério da Saúde, comprando a vacina, expandindo no Programa Nacional de Imunização, tenhamos em breve, por volta de 2025, 2026, um grupo de pessoas no Brasil muito mais protegidas”, completa Araújo.
Por outro lado, o epidemiologista ainda lembra que o Aedes aegypti não transmite somente dengue. “Ele transmite também chikungunya, zika vírus e por isso, devemos estar nos organizando sempre. 75% dos casos acontecem por infecções que se dão nas casas devido a resíduos sólidos com água, que permitem que os mosquitos se alastrem e, portanto, nós devemos nos preocupar sempre com o combate ao mosquito”, destaca
Moradora do Gama, região administrativa do Distrito Federal, a secretária Maria do Socorro Rodrigues comenta como tem buscado se prevenir contra a dengue.
“Estou me prevenindo passando o repelente. Aqui em casa também tem bastante planta e a gente sempre está dando uma olhada. Eu deixo todas as plantas sem os pratinhos para não acumular água. As garrafas a gente as deixa viradas para baixo. E também pedindo aos nossos vizinhos para tomarem cuidado com o seu quintal. Muitos lugares onde eu passo que eu vejo que tem um copinho descartável com água eu pego, derramo a água e boto no lixo, porque a gente quem tem que se cuidar”, afirma.
Para o epidemiologista Walter Ramalho, é preciso pensar na contribuição da população como efetiva e permanente. No entanto, é importante separar as obrigações do poder público no combate e prevenção da dengue.
“A população pode estar ajudando. Mas isso não exclui a responsabilidade do poder público. Seja ele fazendo uma comunicação de risco para com a comunidade. Seja ele disponibilizando agentes que possam ir naqueles pontos estratégicos: sejam locais de maior entulho de lixo, residências abandonadas, depósitos de ferro velho. Eu acho que é uma situação onde o poder público, onde a população, onde toda a comunidade precisa se unir para que a gente possa fazer algo diferente, porque efetivamente nós estamos vivendo num período de extrema gravidade”, diz.
Segundo dados do Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde, o Brasil registrou 408.365 casos prováveis de dengue em 2024. Foram confirmadas 53 mortes pela doença e 281 mortes estão sob investigação.
Entre as regiões que mais apresentam casos da doença estão: Sudeste (238.607 casos), Centro-Oeste (77.731), Sul (57.192), Norte (13.025) e Nordeste (8.977 casos).
Fonte: Brasil 61