Nesta terça-feira , 05 de dezembro, a Comissão Mista da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc) criada para apurar o rompimento do reservatório R4 da Casan, no Monte Cristo, em Florianópolis, realizou mais uma reunião de oitivas. Durante o encontro, foi ouvido o engenheiro da Casan, Hugo Rohden. O presidente da Casan, Edson Moritz, que também estava convidado, não conseguiu comparecer.
Antes do início dos questionamentos ao convidado, o relator da Comissão, deputado estadual Mário Motta (PSD), apresentou três requerimentos, sendo um deles com questionamentos à empresa Gomes & Gomes, responsável pela construção do reservatório. Por meio de contato telefônico, a empresa informou que, por orientação do advogado, não iria comparecer à Comissão.
No começo da oitiva, o convidado pela Comissão, engenheiro da Casan Hugo Rohden afirmou que não era o gestor do contrato, mas que fazia a ponte entre a Casan e a Toposolo, empresa que elaborou o projeto estrutural do reservatório. “Eu não era o gestor, fui o engenheiro responsável por essa interlocução entre a fiscalização da Casan e a Toposolo. Eu era a ponte e como essa ponte tem que ser feita por alguém da área técnica, eu assumi essa função”, esclareceu o profissional.
Na sequência, o deputado Mário Motta destacou que o diário de obra do mês de outubro de 2017 é o único entre os mais de 80 existentes que não foi encontrado e que poderia conter respostas a questionamentos sobre a construção da estrutura. A Casan até encaminhou à Comissão um documento com a minuta do diário extraviado, que apresenta anotações apenas da construtora, mas sem informações da fiscalização da Companhia, o que causa estranhamento, já que o procedimento normal é que as duas partes envolvidas, construtora e fiscalização da Casan, preencham o documento explicando o andamento da obra. Sobre este questionamento, Hugo Rohden respondeu que não sabe como funciona a metodologia da fiscalização e o preenchimento dos diários de obra.
Com relação a divergências entre projetado e executado, Hugo Rohden, que deveria fazer a interlocução entre fiscais e Toposolo, assegurou, em mais de um momento, que algumas dúvidas podem ter sido esclarecidas pessoalmente entre os profissionais. “Como ocorreram visitas, ao menos uma, essas dúvidas muito provavelmente foram tiradas na visita a campo”. Mas não há registros que indiquem o que foi tratado nestes possíveis encontros.
Para o relator, a Casan deveria mudar alguns procedimentos para que todas as etapas fiquem devidamente registradas. “É fundamental que a Casan tenha isso tudo registrado. Se o diário de obra fosse preenchido como se espera, estaria tudo respondido ali. Com isso, as responsabilidades seriam definidas claramente. E é melhor as responsabilidades do que a dúvida”, enfatizou o deputado Mário Motta.
Nova divergência entre projeto e obra
Em relatório de análises de acidente elaborado pela própria Casan, três divergências foram apontadas como principais causas para o rompimento do reservatório. A Polícia Científica apontou quatro diferenças entre o projetado e o executado e destacou que eram de fácil constatação, o que torna ainda mais grave a conduta dos fiscais da Casan.
Além dos pontos amplamente divulgados, o relator apresentou uma nova divergência: o laudo pericial contratado pela Toposolo identificou afinamento da parte superior de uma das paredes do reservatório, conflitando com o projetado. Sobre este fator, o deputado também perguntou se o engenheiro da Casan lembrava de ter sido aprovada alguma alteração, mas o profissional respondeu que não recordava.
“Nós vamos, como se fosse um quebra-cabeças, juntando todos os documentos para poder chegar a uma conclusão que deverá ser no relatório preliminar apresentado no dia 27 de fevereiro e, posteriormente, em 05 de março, no relatório final da Comissão”, destacou o deputado Mário Motta.
Próximas reuniões
No dia 11 de dezembro, a Comissão deve realizar a última reunião com oitivas com a participação do presidente da Casan, Edson Moritz.
A Comissão
Criada no dia 11 de outubro, a Comissão Mista é composta pelos deputados Ivan Naatz (PL), presidente; Marquito (Psol), vice-presidente; Mário Motta (PSD), relator; e pelos deputados Maurício Peixer (PL) e Lunelli (MDB) como membros.
A Comissão é formada por parlamentares da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público e da Comissão de Turismo e Meio Ambiente.