Em São Bento do Sul, presidente do Sistema FIESC chamou atenção para deficiências estruturais que encarecem a produção no Brasil
São Bento do Sul - A competitividade da indústria passa a ser um fator ainda mais crítico num cenário de crise internacional como o atual, disse na noite desta quinta-feira (25) o presidente da Federação das Indústrias (FIESC), Glauco José Côrte, durante palestra em São Bento do Sul na solenidade de aniversário do Sindicato da Indústria da Construção e do Mobiliário do município. "A atual crise internacional é de ordem fiscal e dessa vez os governos não vão usar a estratégia de reduzir os juros, como na anterior. Os juros já estão baixos. Nesse cenário a disputa chega a ser hostil e as condições de competitividade da indústria ganham ainda mais relevância", disse Côrte.
O presidente da FIESC chamou atenção para a necessidade de o país romper com as questões que afetam a competitividade estrutural da indústria. "De cada seis máquinas instaladas nas fábricas do país, seis são importadas. O problema não é a importação em si, mas o acelerado ritmo com que ela está crescendo. O que estamos observando é uma desindustrialização precoce, o que é ruim para o Brasil, considerando a estrutura industrial e os fundamentos da economia", afirmou. "Ainda não é hora de migrarmos para uma economia de serviços, como os países desenvolvidos", acrescentou.
Para mostrar as questões estruturais, ele citou estudo sobre competitividade elaborado pela Confederação Nacional da Indústria, comparando 14 países com patamar de desenvolvimento semelhante ao brasileiro. O trabalho concluiu que o Brasil ocupa a 14ª colocação em disponibilidade e custo do capital, em 12º na infraestrutura, em 13º no peso dos tributos e em 14º no ambiente macroeconômico. Além disso, o Brasil segue com os maiores juros reais do mundo e com uma carga tributária de 34% do PIB, muito acima dos países com os quais a indústria brasileira disputa espaço tanto nos mercados nacional, quanto internacional. Dados do International Institute of Management (IMD) mostram que de 2010 para 2011 o Brasil caiu da 38ª colocação para a 44ª no ranking internacional da competitividade.
Ao falar sobre as metas do Sistema FIESC para estimular a competitividade, além de destacar o trabalho institucional da Federação buscando as reformas estruturais, Côrte disse que o planejamento para os próximos três anos prevê dobrar o número de matrículas do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e triplicar o número de matriculas da área de educação do Serviço Social da Indústria (SESI). "Nosso foco é a educação para que possamos inovar e assim sermos competitivos", resumiu.