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(Imagem de Tumisu por Pixabay) |
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Autor: Virgilio Marques dos Santos*, CEO da FM2S Educação e Consultoria
Hoje gostaria de abordar uma das profissões mais bonitas na minha percepção: a docência. Ser professor é algo que admiro sobremaneira, pois é alguém que dedica a sua vida a ensinar os outros. Quem está nessa profissão trabalha diuturnamente para melhorar a qualidade do aprendizado de seus alunos. Seu objetivo não é saber mais, mas conseguir transmitir, de forma estruturada, o que sabe - e, assim, garantir a disseminação do conteúdo.
Atualmente, com a proliferação das celebridades e a facilidade em desenvolver cursos livres, a palavra professor deixou de ser sinônima de didática. E, valoriza-se mais a história de vida da pessoa do que sua capacidade em transmitir o conhecimento que possui. Digo isso porque lembro dos melhores mestres que tive e todos eles, sem exceção, dedicaram muito de seu tempo a ensinar, além do conhecimento em questão.
É impressionante como a forma de ensinar um conceito faz diferença na capacidade de absorvê-lo. Um exemplo, uma aplicação, uma dinâmica, enfim, uma pequena variação durante a aula, às vezes implica em um aproveitamento muito maior, por parte dos alunos. E pensar em como fazer isso faz parte da habilidade do professor. Por isso, se tiverem aula com alguém que seja capaz de ensiná-los, em um curto espaço de tempo e concorrendo com diversas distrações, aplaudam, pois essa pessoa merece.
A aula não é uma palestra ou entretenimento Concordo com você se está pensando: ninguém aguenta uma aula chata. Se puxar pela memória, vou encontrar diversos minutos que passei olhando para alguém preencher a lousa ou mostrar slides com coisas que não faziam nenhum sentido para mim. Nesses momentos, saía da aula pior do que entrei, pois além de não aprender, pegava trauma do conteúdo.
Tão ruim quanto isso pode ser aquela aula em que o professor se comporta como um apresentador de programa de domingo, fazendo brincadeiras e contando histórias de sua vida, desconexas com o conteúdo principal. É sempre gostoso ouvir histórias, principalmente de feitos peculiares, mas no fórum correto. Em uma aula, os causos só fazem sentido se forem suporte ao aprendizado, não meramente compartilhamento de experiências.
Desdobrar aprendizados em ações Quer um exemplo? As aulas sobre empreendedorismo são interessantes, principalmente se partirem de um bem sucedido empreendedor. Nesses casos, geralmente temos de adicionar uma pitada de autoconfiança exacerbada e uma leve distorção dos fatos que realmente aconteceram. Claro, não podemos nos esquecer das omissões do papel da sorte na brilhante trajetória; afinal, tudo foi juízo e trabalho duro.
Depois de passar uma hora e meia ouvindo a aula, aposto que saímos de lá sem um passo a passo claro do que fazer para repetir a trajetória. E, claro, muito frustrados por não termos alcançado o mesmo sucesso, já que ter força de vontade e disciplina, teoricamente, bastariam. Levou muito tempo para eu entender que havia muita distância entre aulas como essas e a vida real. E, por incrível que pareça, acabei aprendendo com professores que nunca haviam empreendido, mas que estudaram profundamente a trajetória de quem o fazia.
O Business Model Canvas, que tive a oportunidade de ter acesso em 2008, foi fundamental para construir a minha capacidade de testar hipóteses e entender as falhas. Entender que 9 blocos eram importantes para compreender como um negócio funciona e as complexidades das conexões. Para mim, é essencial ter um modelo na cabeça para aproveitar a história ou o estudo de caso que vem em seguida. Se eu só ouço os acontecimentos de como o sucesso aconteceu, sem entender o passo a passo e as escorregadas pelo meio, não consigo desdobrar em prática.
É gostoso ouvir o papo? Sim; mas, nesses casos, eu enquadro o tema na categoria entretenimento e não crio expectativas de aprendizado em cima. Se o fizer, irei me frustrar.
Para concluir, quando for escolher o seu próximo curso, estude a experiência dos docentes, com a pesquisa sobre o tema e a sua didática, quando for possível. Isso é um fator fundamental para os momentos em que você for desdobrar o aprendizado em ações. Mas, se o objetivo não for esse, retiro o que disse e compare o evento com outras categorias de entretenimento. -- *Virgilio Marques dos Santos é um dos fundadores da FM2S, doutor, mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp e Master Black Belt pela mesma Universidade. Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da Unicamp, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica. |