Estamos cada vez mais parados e os números comprovam. Conforme dados do IBGE, 47% das mulheres, 33% dos homens e 60% das pessoas com mais de 60 anos são considerados insuficientemente ativos. Isso significa que esta população não pratica atividade física ou simplesmente não se movimenta por mais de 150 minutos na semana, considerando lazer, trabalho ou deslocamentos. Se olharmos para a população em geral, com 18 anos ou mais, a média é de 40% de sedentários.
E o que é ainda mais assustador: estes dados são de 2019, quando foi realizada a última Pesquisa Nacional de Saúde pelo IBGE. Depois disso, veio a pandemia que piorou ainda mais a situação, segundo os especialistas. Algumas pesquisas mostraram que o sedentarismo chegou a atingir níveis de mais de 60% da população em geral nos anos de 2020 e 2021. A professora e doutora em Educação Física da UniSociesc, Myla Bittencourt, que também é especialista em estratégias neurocomportamentais, alerta para a necessidade de mudar este cenário.
“A falta de atividade física regular está associada às principais doenças relacionadas com a morte, como as cardiovasculares e metabólicas e também com doenças psicoemocionais, como a depressão. A pessoa que não é ativa terá um risco muito maior de adquirir essas doenças, que acabam limitando vários aspectos da vida profissional, pessoal e nos relacionamentos. A consequência da falta de atividade física, ou do sedentarismo, reverbera de forma negativa na qualidade de vida das pessoas”, alerta Myla.
Quanto mais sedentária é uma pessoa, menor será a sua qualidade de vida, porque ela terá limitações no curto, médio ou longo prazo. E a vida moderna tende a deixar as pessoas cada vez mais paradas. Seja porque a pessoa trabalha o dia todo em frente ao computador ou porque os momentos de lazer ocorrem na mesma posição, assistindo um filme ou uma série na TV, ou ao redor de uma mesa comendo e bebendo com amigos e familiares. “Incluir formas ativas de lazer é algo muito importante. Se a pessoa já trabalha muito parada, precisa aproveitar os momentos de lazer para caminhar, alongar, ter contato com a natureza”, sugere a professora.
Ter um estilo de vida ativo só gera benefícios
Myla acredita que aumentar os momentos ativos no dia a dia é o primeiro passo, antes mesmo de pensar numa atividade regular em uma academia, por exemplo. Atitudes simples como resolver situações do dia a dia a pé; incluir formas ativas de lazer; e fazer pausas durante o trabalho para dar uma alongada, podem fazer toda a diferença e acabam sendo até um estímulo para começar uma atividade regular.
“Hoje, a gente entende a saúde de forma integrada. Então, é preciso ter um estilo de vida ativo, com movimento diariamente e ao mesmo tempo cuidar da alimentação, do sono, gerenciar o estresse e as emoções. O equilíbrio de tudo isso é que irá ajudar a ter uma melhor qualidade de vida”, destaca.
Segundo a professora, quando uma pessoa tem um estilo de vida ativo, significa que o movimento faz parte da vida dela, que está inserido de forma leve, prazerosa e constante na sua rotina. “Para o nosso cérebro ter um estilo de vida ativo significa ‘eu me priorizo, portanto tenho amor próprio’. E assim todas as outras áreas da vida ficam mais leves e prazerosas a partir dos benefícios físicos gerados por um novo hábito. Muita gente acaba tendo uma mudança por completo, melhorando ou modificando interações sociais e reforçando valores muito mais profundos da vida”, ensina.