O Brasil tem mais de 30 milhões de idosos, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE. Em menos de uma década, a população com mais de 60 anos cresceu 39,8% e a expectativa é que, até 2050, esse número seja maior ou igual ao de crianças e adolescentes entre 0 e 15 anos.
A mudança gradual na pirâmide etária brasileira revela a necessidade urgente de políticas públicas e um novo olhar da sociedade para esse público. No Dia Nacional do Idoso e Dia Internacional da Terceira Idade, comemorados em 1º de outubro, a advogada Adriana Martins Silva, especialista nas áreas Cível, Família e Sucessão, chama atenção para o tema.
Segundo ela, uma das grandes conquistas foi a criação do Estatuto do Idoso, em 2003, que trata das obrigações da família, da sociedade e do poder público, além de reafirmar aos idosos o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
“Além de relevante, o papel da família para a qualidade de vida do idoso está previsto em lei. Antes mesmo, em 1988, a Constituição Federal já consolidava a responsabilização civil dos familiares, em especial dos filhos. E essa responsabilidade não se limita à velhice, podendo ser cobrada também em momentos de carência ou de enfermidade”, explica a professora do curso de Direito do UniCuritiba – instituição que faz parte da Ânima Educação, uma das maiores organizações de ensino superior do país.
O cuidado e atenção com os idosos não é apenas uma obrigação legal, lembra a mestre em educação Renata Mikoszewski. Segundo a professora do curso de Psicologia do UniCuritiba, amparo, proteção, amorosidade, segurança e participação da família são fatores que precisam ser levados em conta na relação idoso-família. “O bem-estar biopsicossocial agrega mais qualidade de vida e pode diminuir ou evitar doenças como a depressão”, diz.
O caminho para um relacionamento saudável e amoroso entre diferentes gerações é a psicoeducação. Renata explica que é fundamental à família conhecer o processo de envelhecimento, aprender, entender e respeitar certos comportamentos da terceira idade. “Esse processo é fundamental para a preservação e percepção do sujeito, suas capacidades, fragilidades, desejos e garantias de promoção da saúde física e mental. Os conflitos entre as gerações não podem ser evitados, mas podem ser devidamente gerenciados”, ensina a psicóloga.