Foram confeccionados mil Tsurus, pássaro sagrado do Japão, que serão colocados no Peace Memorial Park, com desejo de Paz para todo o mundo
Blumenau - Os alunos do curso “Vendas e Atendimento ao Cliente” do Projeto Pescar, que está sendo desenvolvido pela Fundação Fritz Müller em parceria com a Havan, estão enviando hoje mil Tsurus ao Japão. As Tsurus, ave sagrada do Japão, foram confeccionadas durante aula cultural de Origami, ministrada pelo professor-voluntário, Marcos Eduardo Freiberg, que faz parte do cronograma pedagógico do projeto. Diz a lenda que este pássaro vive mil anos e tem o poder de conceder desejos. Portanto, se uma pessoa dobrar mil Tsurus e fizer seu desejo a cada um deles, será atendido.
As Tsurus enviadas serão depositadas em uma urna de vidro localizada no Peace Memorial Park juntamente com uma foto da turma e uma mensagem de Paz. O Dia Internacional da Paz é comemorado em 21 de setembro e a ideia é de que as Tsurus já tenham chegado ao seu destino nesta data.
Todos os anos milhares de turistas visitam o Peace Memorial Park para conhecer os grous de papel colorido que estão espalhados por toda a parte. Estes guindastes de papel vêm originalmente da antiga tradição japonesa de origami ou dobradura de papel e ficaram conhecidos como símbolos de paz. Esta ligação entre grous de papel e de paz nos leva a uma menina chamada Sadako Sasaki, que morreu de leucemia 10 anos após o bombardeio atômico de Hiroshima.
Sadako tinha dois anos quando foi exposta a bomba atômica. Era uma garota saudável, mas nove anos após o acidente, em 1954, começaram a aparecer os sinais da doença. Em fevereiro o ano seguinte ela foi diagnosticada com leucemia e internada no Hospital Cruz Vermelha Hiroshima. Acreditando que se fizesse mil Tsurus iria se recuperar, ela dobrou-os até o dia 25 de outubro de 1955, quando veio a falecer. Na época, ela tinha conseguido dobrar apenas 646 Tsurus, e seus amigos resolveram concluir o trabalho, após sua morte.
Sadako desencadeou, com a sua crença, uma campanha para construir um monumento para rezar pela paz mundial e pelo repouso pacífico de milhares de crianças mortas pela bomba atômica. Todos os anos cerca de 10 milhões de guindastes com Tsurus são oferecidos no Peace Memorial Park.
Projeto Pescar
A arte milenar do origami foi tema da aula Relações Interpessoais, ministrada no dia 10 de junho. Teve por objetivo o aprendizado cultural e a demonstração de que as pessoas e as culturas não são iguais, mas devem ser respeitadas. A lição que fica é de que muitas vezes, apesar das diferenças, os objetivos podem ser os mesmos. Tanto que os alunos do Projeto Pescar, aqui de Blumenau, desejam a Paz com a mesma intensidade que os japoneses e puderam se dedicar a um trabalho que faz parte da cultura deles e não nossa.
Além de conteúdos práticos e teóricos relativos ao tema do curso, os alunos também recebem conhecimentos de formação humana e cidadania. A responsável pelo Núcleo de Responsabilidade Social da Fundação Fritz Müller, Graziele Balestieri, explica que 60% do conteúdo abrange comportamento e cidadania.
Origem do Projeto Pescar
O Projeto Pescar é um sistema pioneiro de franquia social, onde as organizações que compõem a Rede Pescar abrem espaço em suas dependências para a formação pessoal e profissional de adolescentes em vulnerabilidade social. Os cursos oferecidos contemplam oito áreas de formação profissional: indústria, comércio, comunicação, construção civil, gestão, informática, turismo e hospitalidade e imagem pessoal.
Em 1976, o empresário gaúcho Geraldo Tollens Linck, fundador e presidente da Linck S.A, de Porto Alegre (RS), teve uma ideia visionária. Com sua vontade e determinação, foi o responsável pela implantação de um sistema que, mais tarde, iria se tornar uma tecnologia social pioneira no Brasil. Nas dependências da sua própria empresa, abriu espaço para jovens em vulnerabilidade social aprender uma profissão. Surgia assim à primeira turma do Projeto Pescar com 15 jovens que foram capacitados na Escola Técnica Linck, como era conhecida na época. Atualmente, é denominada Unidade Projeto Pescar Geraldo Linck, em homenagem ao fundador já falecido.
Desde sua criação, na década de 70, o Projeto Pescar já atendeu mais de 15,5 mil jovens que passaram pelas organizações franqueadas. A Rede Pescar é composta por 120 unidades, distribuídas nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Pernambuco, entre outros estados. Conta também com unidades na Argentina e no Paraguai.
Ao longo de mais de três décadas, o projeto-piloto que Geraldo Linck iniciou, na década de 70, foi comprovado como de sucesso. A partir desta ideia, surgia o pioneiro modelo de Franquia Social, institucionalizado em 1988, e dirigido a gestores que desejam investir em um projeto de cunho social de impacto na comunidade do seu entorno.