Blog: http://paginadateca.blogspot.com
Twitter : tecabrasileira
Professora por vocação e escolha.
Atualmente professora de espanhol em Storm Lake, estado de Iowa, meio oeste dos Estados Unidos
Ex-presidente e Membro da AATSP – American Association of Teachers of Spanish and Portuguese, Iowa
Membro de ACTFL - American Council of Teachers of Foreign Languages
Membro do Minority Council of ISEA / NEA, Iowa - Sindicato dos professores
Membro da Beta Sigma Phi – associação de mulheres com educação universitária
Membro do “Spectacular” - equipe de organizacão de festejos de 4 de julho
Membro de DISIT- District Improvement Team – Conselho de professores e administradores da cidade
Membro da Mesa Diretiva Hispana da Paróquia da igreja “Saint Mary’s”.
São duas horas da tarde. Estela vence o calor e a humidade com a janela do motorista aberta. Está sozinha no volante. Edith Piaff canta e Estela cantarola junto alguns versos. A auto-estrada I-20 não tem trânsito nesta quarta-feira de verão. O marido dirige o carro alugado na frente. Eles rumam oeste para devolver o carro. Ela sabe que o marido está sob tensão para devolver o carro e um pequeno sorriso se esboca quando lembra que José está amuado: cuidou tanto do carro nestes cinco anos: lavou, limpou, revisou, e agora tem que deixá-lo para o ferro velho. Não vale a pena o conserto para um carro com tanta quilometragem.
A paisagem é monótona: milharal de um lado, plantação de soja do outro lado. O colorido de um celeiro desbotado pinta de vermelho o verde sem fim. Para espantar o sono, Estela tenta mais uns versos com Piaff... Pour ton nez qui s'allume Bravo ! Bravo Tes cheveux que l'on plume Bravo ! Bravo !
O vento nos cabelos de Estela a leva para outros tempos... cadeira de praia, sombrinha do lado, cheiro de bronzeador no ar mesclado com maresia, grasnidos de gaivotas, e o corpo quente de sol pede um mergulho nas espumas do Atlântico. Que saudade danada !!!!!!! E ela que pensava que gaivota só existia perto do mar, pois o nome dela: ’seagull’ tem a palavra ‘mar’ na sua composicão. Existem gaivotas voando pelo lago de sua cidade também e explicam que o nome é ‘gulls’.
…Pour ton nez qui s'allume Bravo ! Bravo ! Tes cheveux que l'on plume Bravo ! Bravo !
Estela diminui a velocidade ao ver o carro preto ficar muito perto. Melhor prestar atenção. A rodovia foi recentemente refeita - tranquilo dirigir.
Uma porta aparece na descida da morro no lado sul. É uma casa construida por um ecologista fanático. Estela lembra de uma mesma casa na última novela que leu: “On the banks of the Plum Creek” de Laura Ingalls onde Laura conta como era a vida dos pioneiros em Iowa e Minnesota. Na falta de árvores, construíam suas casas “dug-out” na pradaria usando relvado (‘sod’ um tipo de grama) tirando proveito da inclinacão do solo. Os pioneiros cortavam fatias grossas deste relvado com 4x6 pés de profundidade para fazer um bloco com propriedades isolantes. As paredes tinham uma altura de 7 a 8 pés de altura. Deixavam buracos para porta e janela que vinham de um ponto da estrada de ferra mais próxima. Postes eram colocados para sustentar o teto e sobre ele uma camada grossa de relvado. Com o tempo não se via casa, só a relva que o vento movia. Era comum forrar as paredes com tecido ou jornal. Mesmo depois de construir suas casas de madeira, os animais continuavam a ser mantidos nestas construções. Laura Ingalls conta de uma ocasião, a vaca decidiu achar seu próprio pasto e caminhando encima da casa afundou uma pata. Mas a o teto aguentou.
Estela se pergunta como se protegiam de mosquitos nesta casa e em aqueles tempos.
Piaf canta... Quand il me prend dans ses bras Il me parle tout bas, Je vois la vie en rose.
Você tem razão Edith : a vida é cor-de-rosa quando você divide com quem ama. Não importa muito se num hotel 5 estrelas ou numa casa dentro da terra.