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Por trás das lonas.

Domingo, 07 de agosto de 2011

 


por rosana.jatoba
 

A poucos minutos da previsão do tempo no Jornal Hoje, presto atenção na notícia que antecede a minha entrada. A apreensão de quatro ursos siberianos pelo Ibama num circo em Quatipuru, a 200 km de Belém. A reportagem exibe os bichos em ação, andando de bicicleta, de skate, se equilibrando numa bola gigante, dançando e fazendo graça para a platéia. São, de fato, imagens encantadoras.
Um filme passa na minha cabeça. Flashes da infância em Salvador na década de 80. O grande programa das férias escolares era ir ao Circo Vostok, que exibia um verdadeiro zoológico. Adorava ver os domadores desafiando a fúria dos leões, leopardos, tigres…o gigantismo dos elefantes, as peripécias dos macacos. O espetáculo com os animais tomava mais da metade da sessão. Não satisfeita, eu voltava no dia seguinte, horas antes do show, para apreciar a fauna dentro das jaulas. Fascinada, queria alimentar os animais, fotografá-los, tocá-los.

Até que um dia a brincadeira na arena ficou restrita aos trapezistas, equilibristas, mágicos e palhaços. O circo voltara sem os bichos. Tinham sido apreendidos por maus-tratos, exatamente como estes ursos siberianos do noticiário da Globo.

Aos 18 anos de idade, os ursos viviam, há pelo menos 14, em jaulas improvisadas numa carreta. O espaço era tão pequeno que eles mal conseguiam se movimentar. Tinham que encarar o calorão paraense, com temperaturas acima dos 30ºC, na maior parte do ano. Um suplício para essa espécie acostumada com o inverno russo. Um dos ursos estava desidratado. Todos tinham problemas de saúde.

“Um dos animais tem lesão no olho, causado pelo tipo de trabalho que ele tem aqui. O comportamento do animal, repetindo o mesmo movimento, é bem típico de bicho em estado de estresse”, afirma Leandro Aranha, chefe da divisão de fauna e pesca do Ibama no Pará.

O dono do circo, José Carlos Camargo, multado em R$ 5 mil por maus tratos e falta de documentação, se defendeu:

“Nós tratamos muito bem deles. O que o Ibama se refere a maus tratos é o tamanho do recinto, esse tipo de coisa”.

O especialista em comportamento animal Jairo Motta explica que os circos adestram os bichos pelo método descoberto pelo cientista russo Ivan Pavlov, morto em 1936: o condicionamento através da dor.

“Animais de circo são aprisionados até sua morte, passam fome, ficam confinados por toda uma vida sem as mínimas condições de higiene, muitas vezes em jaulas que lhe impedem até os movimentos mais comuns como o ato de ficar em pé, além de passar por um processo cruel de adestramento, para aprender a fazer coisas totalmente contrarias à sua condição de animal selvagem. Quanto aos elefantes, que balançam seus imensos corpos graciosamente sugerindo alegria e contentamento, ao contrário do que imaginamos, esta “dança” é um comportamento de stress resultante do fato de passar anos acorrentado impedido de movimentar-se sequer de um lado para outro. Elefantes são animais que em seu habitat natural chegam a caminhar de 30 a 40 km diários, mas nos circos passam a vida acorrentados”.

Nove Estados e 50 Municípios brasileiros já proíbem a exibição de animais em circos. Mas o país ainda não tem uma lei federal sobre o assunto.

No congresso Nacional foi criada uma Frente Parlamentar em defesa dos animais, com a assinatura de 212 deputados, que conta com representantes de todos os estados. O lançamento oficial é neste mês e o objetivo é tornar mais ágil o tramite de projetos que tenham os bichos como objeto principal.

Em todo o mundo, cresce o número de manifestações em favor de um tratamento digno dos animais. Algumas tão esquisitas quanto midiáticas. Na Ucrânia, o artista Aleksandr Pylyshenko decidiu passar cinco semanas em uma jaula com um casal de leões, a fim de conseguir dinheiro para melhorar as condições de vida da espécie. Ele faz campanha pela internet contra zoológicos particulares precários. Segundo a União Internacional para Conservação da Natureza, nos últimos 20 anos a população mundial dos leões caiu em 30%.

O Ibama promete um destino mais digno para os quatro ursos aprendidos no circo do Pará: vão ganhar casa nova com mais espaço nos zoológicos de Teresina e de Fortaleza.
Cabe agora ao respeitável público o boicote a espetáculos com animais no picadeiro, como sugeriu a apresentadora Sandra Annemberg, ao comentar a reportagem:
-Bicho em circo não tem graça nenhuma!



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