ADVOGADO E ESCRITOR
As transformações existenciais nos submetem a novos questionamentos.
Seus ciclos são diferenciados. Buscar a imutabilidade do sucesso como a
transformação do fracasso em êxito é nossa tática vivencial.
Éramos uma família suburbana que tínhamos sonhos quilométricos da
realidade. Porém acreditamos que a distância quase infinita nos tira do
enquadramento cotidiano e nos leva a vitória.
HOJE COM OS SONHOS ASSENTADOS NO CHÃO COMPREENDEMOS
QUE ESTE ÊXITO SÓ FOI POSSÍVEL PORQUE APRENDEMOS DESVIAR DOS
CAÇADORES PROFISSIONAIS. E este balé no espaço não foi ileso. Driblamos
com sutilezas alguns tiros e fomos atingidos em outros, mas fatal nenhum. Por
acharmos que nossa história só termina com a morte. Buscar recursos para
nossos sangramentos foi a providência imediata. Mobilizar depois de um sonho
morto é ressuscitar vigorosamente para a dinâmica vivencial. Nela não há
estagnação. Sua mobilidade é acelerada. Basta acionar nossa vontade que tudo
é capaz de transformar. Dos sonhos suburbanos a cosmopolita escola de
economia de Harvard. Hoje não temo qualquer economista que tem o privilégio
de estudar em Harvard apesar de morar na provinciana Coqueiral. E esta
conquista nasceu de meus sonhos suburbanos.
Acreditar que nada nasce pronto. O primeiro passo é sempre curto e
continuar andando só depende se não cansarmos do asfalto quente da realidade
que tenta esfriar a ousadia de nossos sonhos. Sei que a chegada é triunfante
mas o marco inicial é de descrédito total. Se submetermos aos pessimistas
ficaremos estáticos e presos à realidade que nos imobiliza.
Antes buscar os sonhos distantes com o primeiro passo do que quebrar
nossas pernas submetendo aos fatos reais. Ser vaiados no início nos vigora para
prosseguirmos e ser aplaudidos ao final.
Lembro com saudade quando só existia brisa em nossas vidas. Era uma
família light e feliz. Mas isto não nos imobilizou. Foi aprendendo caminhar sobre
nuvens carregadas que conseguimos diluir sua negritude. Se temêssemos essas
nuvens a vida hoje não teria as cores do arco-íris. E os sonhos teriam ficado nas
estradas.