Era antes da festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. Estavam tomando a ceia. O diabo já tinha posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de entregar Jesus. Jesus, sabendo que o Pai tinha colocado tudo em Suas mãos e que de Deus tinha saído e para Deus voltava, levantou-Se da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. Derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido (João 13,1-5).
Meus irmãos e minha irmãos, hoje, é Quinta-feira Santa, também chamada de Celebração do Lava-pés. Lavar os pés dos discípulos, ou seja, acolhê-los em sua vida: é isso que Jesus faz com cada um de nós. Ele nos recebe em sua vida, porque, o gesto de lavar os pés indica acolhida, hospitalidade, então, Jesus nos quer perto d’Ele; nos quer para Ele; Jesus nos quer dentro do coração d’Ele.
Hoje, também é o início do Tríduo Pascal. Nós, na nossa Igreja, viveremos esses três dias com tanta intensidade. E a Palavra é bem categórica, pois o Evangelho diz: “Amou-os até o fim”. Jesus nos ama até o fim. O amor de Cristo não se paralisa nem diante da traição de Judas nem da negação de Pedro. Vejam que forte: o amor de Jesus não se paralisa, Jesus não encontra barreiras para não nos amar, a menos que você não queira, porque Ele não vai tirar de você a sua liberdade. E nós precisamos compreender com qual amor nós somos amados. Para viver bem esse Tríduo Pascal, eu e você, precisamos compreender, com a mente e com o coração, o quanto Deus nos ama; o quanto Ele nos quer bem.
Neste Tríduo Pascal, aprendamos com Jesus a amar uns aos outros até o fim
E o amor de Jesus, como diz o Evangelho, é amar até o fim. Esse é o amor de Jesus! E, mesmo quando o meu amor por Ele acaba, Jesus continua me amando; mesmo quando eu terminar os meus dias nesta Terra, Jesus continuará me amando; mesmo quando este mundo se concluir, Jesus continuará me amando. E a consequência desse amor: a Sua morte, e morte de Cruz, e Ele permanece amando. O amor de Jesus é até o fim!
E Jesus começa o gesto de hoje a partir dos pés — uma parte tão incoveniente, que sujamos muito, sobretudo na época de Jesus, em que se andava descalço ou de sandália; era uma parte do corpo muito ligada à sujeira —, e Jesus parte daquilo que é incoveniente em mim e em você. Ele começa nos amando não da parte mais bonita, e sim da parte inferior; da nossa fraqueza, da nossa fragilidade; aquela parte que temos mais vergonha; que queremos esconder, que não temos coragem de apresentar para Ele… Jesus começa nos amando a partir da nossa miséria, do nosso pior.
E isso causa tanta repulsa que, imediatamente, Pedro diz: “Senhor, Tu nunca me lavarás os pés!”; porque nós somos assim: nos causa repulsa quando alguém quer nos amar por inteiro; quer nos amar pela parte mais frágil de nós. Nós não aceitamos a quem nos ame a partir do nosso pior porque é muito doloroso, vai exigir muita humildade de nós, vai ter de quebrar o nosso orgulho, a nossa arrogância, vai ter de nos fazer pequenos. Mas Jesus, mesmo sendo grande, sendo o maior, se fez tão pequeno, se debruçou para lavar os pés de seus discípulos.
Aprendamos com o Mestre, aprendamos com o Senhor a lavar os pés uns dos outros; a amar os nossos irmãos até em suas condições de fraquezas e fragilidades, porque Ele nos amou até o fim!
Sobre todos vós, a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo.
Amém!