Nos artigos anteriores vimos alguns elementos utilizados nos espaços que habitamos. Entraremos mais a fundo agora em um desses elementos: os esquemas cromáticos, ou, mais especificamente, as cores. A cor é utilizada nos ambientes desde que o homem passou a habitar as cavernas: já na pré-história eles as adornavam com pinturas, em que as cores tinham uma representação simbólica.
É sabido que as cores influenciam nossas vidas, mudam nosso humor, relaxam ou inspiram dependendo da forma como são utilizadas. Pesquisadores já demonstraram que certas cores aumentam a atividade metabólica de grupos de células, enquanto que outras diminuem esta atividade. E é por causa disto que já se tornou senso comum que as cores quentes (alaranjados, vermelhos e amarelos) têm efeito estimulante e excitante enquanto que as cores frias (azuis, verdes e violetas) apresentam efeito calmante e relaxante. É conveniente lembrar também que, em termos gerais, o uso de cores claras faz o ambiente parecer maior, pois superfícies pintadas com cores claras expandem e parecem mais afastadas do observador. De forma inversa, o uso de cores escuras faz os ambientes parecerem menores, pois tendem a "diminuir" os espaços, fazendo com que as superfícies avancem em direção ao observador.
O uso das cores, porém, não se restringe apenas às possibilidades citadas acima - não é apenas pintando um ambiente de uma cor alegre ou relaxante que o tornaremos expressões desses sentimentos. Ao utilizar uma cartela de cores em um ambiente, devemos pensar na interação entre cores, materiais, mobiliário e outros elementos presentes. Qual tarefa será realizada, qual a preferência e personalidade do usuário? Qual o estilo está sendo adotado?! Esquemas padrão de cores apresentam apenas um leve indicativo de qual caminho seguir. Para melhor exemplificar, podemos citar casos em extremos opostos: um ambiente utilizado por uma pessoa idosa, que deseja se utilizar de um estilo provençal, por exemplo, terá um esquema cromático variando entre brancos e azuis. Este mesmo ambiente, se utilizado por um adolescente, provavelmente apresentará um grande contraste de cores, usando um esquema complementar; já um jovem senhor de estilo minimalista usará um esquema monocromático, variando entre branco, cinzas e pretos. Profissionais de áreas mais austeras preferirão um esquema análogo, utilizando tons que variem entre marrons e cremes.
Pelos motivos apresentados, ao pensar nas cores que serão utilizadas em um ambiente, não se deve deixar levar por fórmulas prontas, como as que dizem que uma sala deve apresentar cores que deixem o ambiente acolhedor, o quarto relaxante e o escritório inspirador. Do contrário, todas as salas serão em tons de ocre, todos os quartos serão azuis e todos os escritórios alaranjados. A cor dos nossos ambientes revela um pouco de quem somos e do que queremos, bem como a época na qual vivemos. A busca da harmonia cromática, juntamente com a análise do perfil do usuário e das atividades que serão realizadas em determinado espaço, é o que deve nortear a escolha das cores. E como tudo na vida é efêmero, não se deve ter medo de mudar: o que servia até ontem pode não satisfazer mais amanhã. O que não devemos, nunca, é deixar de adicionar cor em nossas vidas!