"Se eu puder combater só um mal, que seja o da Indiferença".
Ele tinha que viajar, passaria uma semana fora, num treinamento na empresa. Ela, inevitavelmente, não gostou.
- O que foi? – perguntou ele, com suavidade. – Não confia em mim?
Ele acariciou gentilmente o rosto da esposa, apoiando seu queixo pequeno com a mão e atraindo seu olhar. Ela o fitou de volta, um beicinho tristonho que pareceria uma graça se não fosse tão espontâneo.
Ele riu, disse-lhe com segurança.
- Não vai acontecer nada - garantiu.
- Eu sei – os olhos dela fugiram de novo.
- Sabe que prometi...
- Confio em você. Não confio é naquelas garotas...
Ela ainda falava sem olhá-lo.
- Confia? - Então por que está agindo assim?
O tom ligeiramente mais incisivo a fez encarar o marido outra vez. O rosto dele agora estava sério.
Ela relutou em responder.
– Não posso culpá-la – ele riu. – Mas esqueça. Nenhuma delas jamais poderia se comparar a você.
Ela ergueu as sobrancelhas e o fitou, claramente duvidando disso.
- É verdade - ele insistiu, ainda sorrindo. - Ora, se fossem bonitas como você, não precisariam de tanta maquiagem, não é mesmo?
Finalmente, um riso mais leve correu nos lábios da moça.
- É bom mesmo que sejam muito feias - ela concluiu.
- Com excesso de pelo facial - ele observou, sorrindo.
- E vesgas.
- Hálito de cavalo.
- Uma corcunda nas costas e uma verruga entre os olhos.
- Absolutamente medonhas.
Pararam, olhando um para o outro, e então ela finalmente começou a rir.
– Bobo... - meneou a cabeça. - Elas sempre são bonitas.
Ele a abraçou, roçando carinhosamente a testa na dela.
- Não importa – sussurrou. – Eu amo você.
Ela retribuiu o abraço, pressionando-o com mais força.
- Talvez um dia você se arrependa...
Ele a beijou com carinho.
- Se é por sua felicidade... jamais irei me arrepender.”