Sônia Pillon nasceu em Porto Alegre e desde 1996 reside em Jaraguá do Sul.
Formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto pela Univille, atuou como repórter, editora, redatora e assessora de imprensa, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Por mais de 10 anos trabalhou no jornal A Notícia.
É autora de “Crônicas de Maria e outras tantas – Um olhar sobre Jaraguá do Sul” e “Encontro com a paz e outros contos budistas”, com participação em antologias de contos, crônicas e poesias.
Publica também no blog soniapillon.blogspot.com e na fanpage "Sônia Pillon Escritora". É Presidente de Honra da Seccional Jaraguá do Sul da Academia de Letras do Brasil de Santa Catarina (ALBSC).
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Sônia Pillon
O último mês do ano é emblemático e carregado de sentimentos contraditórios. Não dá para esquecer que o doze carrega o peso acumulado de onze meses nas costas. Para muitos, o ano que está prestes a chegar ao fim é um pesado fardo a ser carregado. Houve o choro pela perda da Copa do Mundo, a amargura do desemprego que ainda preocupa e a tensão provocada por uma das eleições mais polarizadas e acirradas dos últimos tempos. A violência e a corrupção em grande escala também deixou a todos nós de cabelo em pé.
Sim, 2018 foi difícil! Não há como negar o medo e a insegurança que tomou conta dos brasileiros, em maior ou menor grau. E mesmo para aqueles afortunados que contabilizaram mais motivos para se alegrar, um certo cansaço é inevitável. Trinta e um dias em que o relógio parece correr bem mais rápido do que o habitual.
Festas de encerramento, lista de compras, aquela renovada sempre bem-vinda no espaço onde habitamos... É o período em que queremos resolver, em um único mês, todas as pendências “empurradas com a barriga”.
As efemérides apontam datas relevantes no décimo segundo mês do ano, começando pelo dia 1º, quando transcorre o Dia Internacional da Luta Contra a Aids. Numa época em que grande parte da população deixou de se prevenir contra doenças sexualmente transmissíveis, conforme provam as estatísticas, é importante manter o alerta e lembrar: Aids não tem cura, Aids mata.
Em seguida veio o dia 2, significativo em relação à nossa brasilidade, pois é o Dia Nacional do Samba. E você sabia que a data marca também o Dia da Astronomia e o Dia Pan-Americano da Saúde?
Dia 3 nos leva a refletir quanto à inclusão, pois é o Dia Internacional do Portador de Deficiência e o Dia Internacional do Deficiente Físico.
Pinçando o que considero mais relevante na lista das efemérides, descubro que entre os 31 dias de dezembro estão o 8, Dia da Família e também Dia da Justiça. Tem o 10, que é ao mesmo tempo o Dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos e o Dia Universal do Palhaço - enquanto um nos aponta para as responsabilidades e o respeito, o outro nos mostra a importância dos que se dedicam a arrancar gargalhadas e aplacar as agruras da vida.
Pulo as efemérides que homenageiam diversas profissões e encontro o Dia do Vizinho, em 23 de dezembro. A propósito, você cumprimentou o seu vizinho hoje?
Inevitavelmente alcanço o 24 de dezembro, o Dia do Órfão e, evidentemente, véspera do Natal, que antecede o nascimento de Jesus, comemorado por milhões de cristãos em todo o mundo. Ao longo do mês 12, o período pré-natalino é, sem dúvida, o mais festejado dos lojistas, e o mais tentador para os consumistas e endividados...
Dia 31 vem aí e a ordem é esperar a virada para 2019. Preparar a ceia, vestir branco, beber espumante, fazer pedidos, entregar oferendas à beira-mar, promessas de mudanças, de novos projetos... Cada um no seu quadrado e com seus próprios rituais.
E assim nos preparamos. Ano que vem recomeça tudo, apesar de que, para alguns, nada mudará: será mais um ano de velhas promessas não cumpridas, de rotinas entediantes e inalteradas.