"O jovem entrando em cena"

"O mundo já está constituído, mas também nunca está totalmente constituído" (Merleau-Ponty). Estamos vivendo numa sociedade que é fruto de várias transformações, e muitas destas são decorrentes de mudanças governamentais, as quais foram e são ocasionadas pelo sistema político. Então, cabe observar que o exercício da cidadania depende do tipo de poder político instituído em cada país ou nação. No caso de São Bento do Sul, o poder instituído pela oligarquia presente no município não está dando resultado. Diferentes classes sociais estão exigindo cada vez mais ações de seus governantes. Pesadas discussões em redes sociais estão sendo feitas a políticos, que se aproveitam do cargo que atualmente exercem e nem aparecem para trabalhar, enquanto a sua conta bancária tende a aumentar às custas do dinheiro público. Ganhar quase R$ 6 mil sem botar o pé no local de trabalho deve ser muito bom - ainda não experimentei, mas deve ser maravilhoso saber que no final do mês sobrará dinheiro. Enquanto isso, milhares de jovens cidadãos são-bentense entram e se encontram no mercado de trabalho recebendo salário mínimo - e assim permanecem pela vida toda. Sim, tudo isto está sendo discutido nas redes sociais. Além, é claro, de o jovem não estar mais aceitando as condições sociais impostas por esta maioria dominante. O jovem do nosso município está indo para as ruas com cartazes, quer seja para apoiar reivindicações de outrem (apoio aos professores) ou as suas, como a questão do valor do passe do ônibus para os estudantes. O nosso jovem está experimentando o gosto de participação na vida pública de sua cidade, pois, afinal, este é membro de uma sociedade, ele tem responsabilidade sobre os rumos que ele vai tomar pela mudança social e política. Vice-prefeito Flávio, o debate político está presente o tempo todo nos grupos de jovens, dentro ou fora da escola. Nos corredores, nos espaços da igreja, nos bares, a todo instante os jovens estão partilhando suas vidas, comentando sobre os problemas políticos de nossa cidade e sobre o seu salário, que não é o mínimo, bem como a sua atuação como político - aliás, ainda não atuou. O conceito de juventude está mudando, porque a visão sobre os jovens foi se transformando. Dá para perceber os jovens não apenas como uma situação de vida, mas também um grupo que se organiza a partir de características culturais e sociológicas próprias. Neste sentido, enquanto houver seres humanos, sempre haverá história! E, com ela, esperanças de que é possível ser diferente. Como observador da política municipal, digo:  renuncie. Renuncie logo, pois daqui a pouco São Bento verá a nova juventude dos "caras pintadas" pedindo a sua renúncia.

Humberto Corrêa

São Bento do Sul/SC