Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
MENSAGEM DO EVANGELHO
Neste, 3º Domingo do Tempo da Quaresma, o Evangelho de João
2,13-25, diferente dos Evangelhos de: Marcos, Lucas e Mateus, João
mostra com poucos detalhes o ministério de Jesus na Galileia. Sua
atenção se volta para os acontecimentos em Jerusalém. Narra logo, na
cegada a Jerusalém, este acontecimento que Marcos, Lucas e Mateus irão
guardar para o fim. Jesus chega ao Templo de Jerusalém e, por meio de
suas ações e palavras, irá recordar o verdadeiro sentido da casa de
Deus. Ao sinalizar que os acontecimentos vão ocorrer na páscoa dos
judeus, João vai preparando a sobreposição que acontecerá: a festa
judaica será sobreposta pela páscoa cristã. Jesus vai à festa, mas não
para participar dela e sim para realizar um confronto com a prática de
comércio e exploração que se realiza no Templo de Jerusalém. Na época
de Jesus, era uma mega estrutura, um edfícil imponente com cerca de
1.500 metros de perímetro, reformado por Herodes, o Grande. Era um
local historicamente dedicado ao culto e às festas litúrgicas. Como
era um local com abundantes sacrifícios rituais, organizou-se ao seu
redor uma série de estruturas comerciais para que eles acontecessem,
atendendo aos inúmeros viajantes que chegavam em Jerusalém para
prestar seu culto. Para os sacrifícios, era comum que os peregrinos
comprassem os animais chegando ao Templo de Jerusalém. A oferta de
pombas era a oferta dos pobres, que não podiam trazer as pombas de
casa, mas tinha que comprar no Templo de Jerusalém, mais uma forma de
explorar os mais carentes. Havia outros grandes abusos em nome do
Santuário. As ofertas não eram oferecidas a Deus, mas retornavam às
bancas para serem vendidas novamente. Flávio Josefo, um historiador
judeu que passou para o lado dos romanos, diz que um casal de pombos
chegava a ser vendido 150 vezes e nunca era oferecido. No Templo de
Jerusalém só podiam entrar ‘moedas puras’. Em Israel, tinha sido
adotada como moeda oficial a moeda de Tiro. Para comprar e ofertar no
Templo de Jerusalém, era necessário fazer o câmbio. Era o primeiro
modo de explorar! A presença de Jesus não só coloca em ordem o Templo
de Jerusalém, mas simbolicamente mostra que os sacrifícios não são
mais necessários quando o Filho de Deus está presente. A casa de meu
Pai não pode ser profanada. Aos judeus, parecia um absurdo agir assim
em um lugar tão tradicional. Mais uma vez, questionam de onde vem a
autoridade de Jesus. Ao pedir a ele um sinal, já reconhecem que sua
ação havia sido profética. Jesus faz um confronto com as autoridades:
este Templo de Jerusalém, feito de pedras, será destruído. A linguagem
de Jesus é figurada: ele não iria destruir o muro de pedras, mas
referia-se às consequências da conduta pecadora do povo. O fim só
poderia ser a destruição, já que o Templo de Jerusalém, feito de
pedras, já não era mais tratado como o lugar da presença de Deus. O
Evangelho de João coloca Jesus como o novo e verdadeiro Templo em seu
Corpo Ressuscitado. Jesus é a habitação de Deus aberta aos homens,
lugar onde se manifesta a glória de Deus. Jesus continuou em
Jerusalém, mas parece que não participou da festa dos judeus.
Continuava a fazer os sinais. Houve quem acreditasse, mas parece que
era muito superficialmente, não era uma conversão profunda que
mostrasse a fé no Messias que Jesus revelava. O entusiasmo não é o
mesmo que a conversão. Neste Evangelho, João nos leva a ver Jesus como
o Novo Templo de Israel. Em Jesus, não há espaço para estruturas
caducas e vazias. Ele apresenta o Templo como Casa do Pai,
convidando-nos a ter com Ele uma revelação filial por meio de seu
Filho enviado ao mundo. Jesus abre as portas para que foquemos a Deus
de maneira livre e sincera e nos convoca a purificar nossa fé e nossa
religião das medidas feitas para satisfazer interesses pessoais que
acabam usando do que é sagrado para legitimar os caprichos de uma
minoria. Seja fiel, ofereça o Dízimo!