Marcondes Namblá é da tribo de Xokleng, da aldeia que fica em José Boiteux, no Vale do Itajaí.
O indígena Marcondes Namblá, de 38 anos, que morreu depois de ter sido espancado em Penha, no Litoral Norte, era professor formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A Polícia Civil abriu inquérito para investigar o caso e ouviu testemunhas do crime. Câmeras de segurança de comércios da região registraram a agressão.
Namblá era do povo Laklãnõ-Xokleng, da Terra Indígena Laklãnõ, da aldeia que fica em José Boiteux, no Vale do Itajaí. Era casado e tinha cinco filhos.
"A nossa equipe já tem um suspeito, já conseguimos várias testemunhas do ocorrido e vamos encerrar o caso com autoria nas próximas", disse o delegado Douglas Teixeira Barroco. A motivação do crime ainda não foi esclarecida, segundo ele.
O chefe da Funai em José Boiteux esteve na delegacia durante a tarde desta quarta-feira (3) para saber das investigações. "A Fundação Nacional do Índio já esteve já encaminhou à sua Procuradoria Federal especializada todas as informações a respeito do caso. E a Procuradoria Federal especializada já está tomando as providências cabíveis, acompanhando a investigação", disse Jairo Pinto de Almeida.
Conforme imagens de câmeras de monitoramento, Namblá foi espancado na rua, na madrugada de 1º de janeiro, por um homem que estava com um pedaço de madeira. A agressão começou depois que os dois conversaram. Ele foi atingido na cabeça e caiu, continuando a apanhar em seguida.
O agressor foi embora mas, ao perceber que o índio ainda estava se mexendo, voltou e continuou a espancar a vítima.
Namblá foi encontrado desacordado ainda na madrugada por volta das 5h, na avenida Eugênio Krause, no bairro Armação. A Polícia Militar disse que, inicialmente, pensou que o indígena estava bêbado. Ele foi levado para atendimento no Hospital Marieta Konder Bornhaunsen, em Itajaí, mas não resistiu.
Conforme familiares, a vítima estava em Penha para vender picolés durante a temporada de verão, a fim de conseguir renda extra. Ele e outros 11 índios foram ao município pelo mesmo motivo e estavam numa casa alugada.
Em nota divulgada na manhã desta quarta-feira (3), a coordenação do curso de Licenciatura Intercultural Indígena da UFSC, do qual a vítima era graduada, lamentou o assassinato.
"Perdemos a criatividade, o brilhantismo, a originalidade e sensibilidade, o empenho, o vigor e os horizontes de Marcondes. Ficamos com a memória, feitos, reflexões, sua alegria, competência e habilidade", diz a nota.
Conforme a instituição, o indígena exercia o cargo de juiz na Terra Indígena, falava a língua Laklãnõ e dava aulas numa escola indígena de José Boiteux. Na UFSC, ele fez parte da primeira turma do curso de Licenciatura Intercultural Indígena e se formou em abril de 2015.
Fonte G1