Dom 24 de dezembro de 2017 - 4º Domingo do Tempo do Advento
Domingo, 24 de dezembro de 2017
MENSAGEM DO EVANGELHO
Neste, 4º Domingo do Tempo do Advento, o Evangelho de Lucas 1,26-38, narra o nascimento de dois meninos que mudarão a História da Humanidade. No primeiro anúncio, Deus mostra seu desejo de salvar a humanidade, prometendo o nascimento de João Batista, o precursor do Messias. No segundo anúncio, Deus intervêm de maneira direta na vida de Maria, uma virgem nazarena. A ela faz o convite para participar de seu plano salvador. O mistério da encarnação de Jesus só é possível porque o amor de Deus se manifestou ao gênero humano. A iniciativa é de Deus que, solidário às lutas e sofrimentos do humano, decide fazer-se amor em uma linguagem profundamente humana. O termo ‘anjo’, segundo suas raízes hebraicas, significa ‘mensageiros’. A figura de Gabriel une céus e terra neste mistério de amor, já não há mais um abismo entre Deus e as suas criaturas! O anjo é enviado ao pequeno vilarejo Nazaré, com aproximadamente 150 habitantes, longe das grandes rotas comerciais e sem importância. Segundo a religião tradicional da época, acreditava-se que o lugar em que Deus habitava era o templo de Jerusalém, construído sobre o monte Sião. Deus encontra braços que o acolhem em uma pequena casa de pessoas simples, que vivem o drama e as lutas diárias, mas mantém sua fé e capacidade de fazer o bem. Lucas não usa a palavra ‘jovem’, ‘mulher’ ou variantes. Quer que todos saibam a natureza de Maria: ela é uma virgem, prometida em casamento. Saberão que o nascimento de Jesus passa pela acolhida humana de Maria e é fruto de uma grande manifestação de Deus, que faz uma virgem conceber. Ela e José se encaixam perfeitamente no caminho da promessa por sua descendência: o Messias seria filho de Davi. A saudação do anjo é um convite a toda a Igreja: Deus está próximo do homem, vai ao encontro dele e concretiza seu plano de salvação. O sofrimento se transforma em alegria! Os pobres e pequenos não estão mais cheios de condenações, tristezas e desencantos, todos encontram graça diante de Deus. Deus escolhe Maria para que esteja junto com as pessoas, para fazer o amor nascer no meio da humanidade e contagiá-la desde dentro. É Deus conosco! Esta é uma expressão que perpassa toda a Bíblia. Dá a certeza de que o Senhor esta junto; é presença real e que não abandona as pessoas que escolhe e chama. A ação de Deus, não é para castigar ou desferir sua ira. Este acontecimento une a História da Salvação, abraçando a humanidade com o amor de Deus. O medo, reação natural do humano, é envolvido pela segurança de Deus, que se manifesta para abençoar e salvar. Os pequenos, que vivem longe das seguranças da religião instituição, encontra graça diante de Deus. O verbo grego para ‘conhecer’ e seu correlato hebraico são um eufemismo para referir-se à relação sexual. A expressão em forma negativa prepara o anuncio de que o filho que vai nascer é de origem divina. Maria é símbolo de toda a humanidade. Ela é vitima da Lei, diante de todos, terá um filho origem desconhecida sendo já prometida em casamento. Este gesto é símbolo da união amorosa de Deus com os homens, representado pelo Espírito Santo que baixa do céu e a envolve, o poder de Deus que a cobre com sua sombra. Deus definitivamente se une à humanidade, os céus se encontram com a terra! A salvação é uma iniciativa livre de Deus, que fez tudo para que o homem novamente se encontre com seus braços de amor. Isabel, uma idosa estéril pode conceber, do mesmo modo Maria uma virgem. A virgindade de Maria não é uma condenação às relações sexuais e sim um sinal de que o movimento salvífico é feito por Deus, pelas vias que só ele conhece, passando pelo homem. Esta é a profundidade da acolhida de Maria, das profundezas da criação, que se afastou dele pelo pecado, se levanta um “sim” capaz de atrair Deus. Ela decide participar da História da Salvação, pois seu coração está de acordo com a vontade de Deus. Neste tempo do Advento e às vésperas do Natal, todas as pessoas são chamadas a escutar a voz de Deus, que quer entrar em nossa história. O que nos torna aptos não são meritocracias ou estruturas de poder. Somos chamados pela iniciativa livre de Deus, que quer salvar a todos. Nos mistérios da intervenção divina, a participação humana é peculiar: é preciso querer participar de seu projeto e deixar-se moldar por sua salvação. Isso é dizer “sim”! Seja fiel, ofereça o Dízimo!
MISSA DA VIGÍLIA DO NATAL
REFLEXÕES DO EVANGELHO
Nesta, Missa da Vigília do Natal, o Evangelho e Mateus 1,1-25, narra a genealogia de Jesus. É a porta de entra para o Novo Testamento, o Evangelho que melhor faz a ligação com o Antigo Testamento. Mateus preocupa-se em enraizar Jesus de Nazaré na herança do povo escolhido de Deus, Israel. A genealogia quer mostrar que Jesus é o Messias prometido, é o descendente da estirpe de Davi. A promessa se realizou e o Messias já chegou para concretizar o plano de Deus na história. Gerar alguém é transmitir-lhe a imagem, a imagem de Deus, pelo sangue ou pela adoção. Para apresentar a origem do homem que sobe ressuscitado e está presente à sua Igreja até o fim dos tempos, Mateus recorre ao gênero literário bíblico das genealogias: Jesus tem suas raízes no povo eleito. Já no inicio, Mateus informa que Jesus Cristo é da descendência de Davi. Se, cumprem as profecias que previam que o Messias seria da tribo de Judá e da descendência de Davi. Mateus liga Jesus à descendência de Abraão, o pai da fé. Diferente de Lucas, que conduz a descendência de Jesus até Adão. Abraão e Davi representam os dois pilares da fé e da história de Israel. Ambos foram chamados por Deus para serem os fundadores de um povo e de uma dinastia. Foi esta história que conduziu o povo até Jesus. Os nomes na genealogia estão organizados em três grupos de 14 nomes cada. A história de Israel é traçada desde o início com Abraão, passando pelo ponto alto com o rei Davi e seu ponto baixo no exílio babilônico, até sua concretização em Jesus Cristo. Esse número ‘quatorze’, repetido três vezes, corresponde á soma do valor numérico das três consoantes que, em hebraico, formam o nome de ‘David’. A presença das quatro mulheres incomuns na genealogia de Cristo prepara o surpreendente nascimento de Jesus em Mateus 1,18-25. Não só a ocorrência de nomes de mulheres em uma genealogia judaica é incomum, como o que se conhece delas pelo Antigo Testamento torna sua presença ainda mais surpreendente. Tamar disfarçou-se de prostituta e concebeu os filhos de Judá, seu sogro. Raab foi uma prostituta de Jericó que teve a vida poupada por causa de sua colaboração com os espiões de Josué. A tradição de que era mãe de Booz só se encontra em Mateus. Rute foi uma moabita que se ligou a Israel por intermédio da família do marido. A “mulher de Urias” era Bat-Sheba; o rei Davi vergonhosamente planejou a morte de seu marido em combate e tomou-a por mulher. Quando fazemos as contas dos nomes da última geração, do exílio na Babilônia até Cristo, um dado chama atenção: não há 14 nomes e sim 13! Será que o evangelista errou? Esta é uma maneira muito fina de mostrar que a história de Jesus passa por Maria. Ela é o décimo quarto nome desta lista, porque não é possível ler a história de Jesus sem passar por sua mãe. A genealogia apresentada por Mateus não é uma lista enfadonha de 42 nomes, mas a celebração de uma história conduzida por Deus até chegar ao ponto máximo da revelação. As três etapas sussecivas desta história conduzem até Jesus Cristo. Se o Evangelho começa olhando para o passado, o seu final será indicado para o futuro, quando o Evangelho será anunciado a todas as nações e Jesus estará conosco até o fim dos tempos. Somos convidados a olhar para o passado: ver, conhecer, valorizar e celebrar o que Deus fez conosco nesta bela história da salvação. A história é conduzida por Deus e, na nossa história, Jesus é o Deus conosco, sempre junto com seu povo e sua Igreja. Seja fiel, ofereça o Dízimo!
MISSA DA NOITE DO NATAL
REFLEXÕES DO EVANGELHO
Nesta, Missa da Noite do Natal, o Evangelho de Lucas 2,1-14, relata a simplicidade do nascimento de Jesus. A grandeza de Deus se esconde na sua humildade. Sem lugar na casa, resta-lhe a sensibilidade da gruta ou da estrebaria. Seu berço: uma manjedoura. Um Deus pobre que se faz servo, um Deus pastor que se faz cordeiro. O Altíssimo de se faz pequeno. Este cenário de pobreza e indigência confirma a ação de Deus, que exalta os humildes e que exultará ao ver os pequeninos acolherem a boa nova. Em Lucas, os pastores, pessoas pobres e mal vistas, são os primeiros que virão visitar e acolher o Messias. O Apóstolo Paulo afirma: “Quando chegou a plenitude do Tempo, Deus enviou seu Filho ao mundo, nascido de mulher”. Lucas situa esse tempo na história humano. É o tempo de Herodes, do decreto de Cesar Augusto. Há uma outra história que é a história de Deus. Enquanto a história oficial é marcada pelos grandes da terra, a história de Deus se manifesta num menino que nasce num ambiente pobre e cheio de vida e esperança. Maria era de Nazaré, no norte de Israel. José era de Belém, mas estava trabalhando no norte do país. Os fatos históricos, censo, fazem com que o nascimento de Jesus aconteça em Belém. Com isso se cumpre a profecia de Miqueias: “E tu, Belém, pequena cidade entre as clãs de Judá, de ti sairá para mim aquele que governará Israel”. Belém significa ‘casa do pão’. Em Belém nasceu Davi, o maior dos reis de Israel e, segundo as expectativas, era de onde viria o Messias esperado. Por duas vezes Lucas diz que o menino está envolto em faixas. Sinal da simplicidade que demonstra a humanidade de Jesus. O Papa Bento XVI, no terceiro volume do seu livro ‘Jesus de Nazaré’, recorda que, na beleza do nascimento, está presente a paixão de Jesus. No começo, as faixas, no final, o sudário que envolve o corpo de Jesus. Três vezes é mencionada. Novamente, o sinal da pobreza de Jesus. A manjedoura era o local onde os animais se alimentavam. O Papa Bento XVI recorda que a manjedoura antecipa a doação de Jesus na mesa da Eucaristia e no lenho da cruz. Diferente de Mateus, no qual são os magos que visitam Jesus, em Lucas, são os pastores. Devido ao seu trabalho com animais, os pastores eram considerados impuros. Eram mal vistos pelo povo das cidades, tanto que nem podiam testemunhar num tribuna. No meio da noite, eles estão em vigília. E foram eles os escolhidos para serem as primeiras testemunhas do nascimento de Jesus. Há um tempo em que se inicia e se realiza o projeto da salvação. Este tempo é “hoje”. Este termo aparece dez vezes no Evangelho de Lucas. É o ‘kairós’, o tempo da graça de Deus! São três títulos importantes dados a Jesus no seu nascimento. Ele é o ‘Salvador’, título que os romanos davam ao imperador. Já os judeus davam este titulo a Deus que os havia libertado da escravidão do Egito. Outro titulo é ‘Cristo’, o Messias, o Ungido, que Lucas dá a Jesus desde o inicio e que Pedro confessará em Lucas 9,20 e o proclamará em Atos dos Apóstolos 2,36. O terceiro é ‘Senhor’, é o ‘Kyrios’, que substitui o tetragrama YHWH, o nome de Deus no Antigo Testamento, que Lucas já atribui a Jesus desde o nascimento e pelo qual a Igreja o confessará mais tarde. Este menino que nasceu na noite fria e escura, isso: Salvador, Messias e Divino. Luz para o mundo! Uma grande, bela e nova liturgia é celebrada ao redor do menino Jesus. A multidão dos anjos celestes celebra a grandeza de Deus e o que Ele faz. “Glória a Deus nos céus”: é isso que Deus merece por tudo que é e faz. “Paz na terra”: é o que mais precisamos e necessitamos. É a plenitude do ‘Shalom’ que vem da parte de Deus! Lucas indicou que há duas histórias. A história dos poderosos, que não muda o mundo e não traz novidades para o povo. A outra história é a intervenção de nosso Deus, de forma simples e humilde. Nasceu o Salvador, que vem trazer alegria e esperança, sobretudos aos que são excluídos por aqueles que fazem a história ‘oficial’. É a maior intervenção na história da salvação. Cabe a nós conhecê-la com alegria, como os pastores que se puseram a caminho na noite escura e foram ver Jesus. Cantemos alegres como os anjos, louvando a Deus e sonhando com a paz aqui na terra! O “hoje” da salvação acontece quando deixamos o Menino nascer em nossos corações! Seja fiel, ofereça o Dízimo!