2 Domingo do Tempo do Advento Domingo 10 de dezembro de 2017

Já fazia 300 anos que havia surgido o último Profeta, o Malaquias, e parecia que os céus tinham se calado. O povo até pensava que Deus havia se esquecido de enviar sua Palavra! O surgimento do Profeta João Batista era sinal que a voz de Deus voltava a ecoar novamente. Marcos usa a mesma palavra que inicia a versão grega do Antigo Testamento, ‘arché’. Quer mostrar que a humanidade está vivendo uma nova criação, um novo começo. Na origem, a palavra ‘Evangelho’ referia-se à notícia dada sobre o rei, muitas vezes, conquistas militares. Marcos mostra que nesse novo tempo que se inicia, há outra Boa Nova, um presente de Deus para a humanidade, que pode transformar a história. A Boa Nova de Jesus tem nome e sobrenome.

Jesus Cristo é a grande novidade, capaz de libertar toda a humanidade. ‘Cristo’ é o termo grego que corresponde a ‘Messias’, o ungido de Deus, que levaria seus filhos a uma verdadeira experiência de salvação. Jesus é o grande presente de Deus, que ensina que ele é verdadeiro Pai de amor, que cuida dos seus e quer fazê-los mergulhar em seu oceano de infinita misericórdia. Marcos cita profetas do Antigo Testamento para mostrar que não estão mais no tempo da espera, mas de cumprimento das promessas. Elas já se tornaram realidade: Jesus Cristo é aquele que todo Antigo Testamento esperou.

Se a história do povo de Israel começou no deserto, a roda da história retorna ao mesmo lugar para um recomeço. Como todo judeu esperava escutar mais uma vez a voz de um profeta, o que seria um sinal de que os tempos messiânicos chegaram, a mensagem é clara: a voz que clama no deserto é João Batista; o Messias já está para chegar! João Batista é
radical, ele proclama que o povo deve recomeçar o caminho, chama todos à conversão e ao arrependimento. É preciso mudar de vida, pois o tempo da graça de Deus está chegando, o Messias tão esperado no Antigo Testamento está para chegar. O perdão, que antes era uma exclusividade do Templo de Jerusalém, mediante sacrifícios, agora pode ser encontrado por todo aquele que deseja, porque Deus é misericórdia.

A roupa de João Batista é de profeta, a mesma que usava Elias e vive daquilo que a natureza pode oferecer, gafanhotos e mel silvestre. Seu alimento, diferente da maioria da população, lembra que ele é consagrado para uma missão: ser profeta e precursor. João Batista é o homem dos desejos, que anuncia seu próximo cumprimento. Aquele que
virá depois dele, Jesus, vai ser apaixonado encontro entre toda esperança do homem e toda promessa de Deus. Ele batizará, mergulhará a humanidade no Espírito Santo, porta de Deus para o homem e do homem para Deus. Em Jesus, Deus mergulha na realidade humana e o homem mergulha na vida de Deus. As leituras desta liturgia são um convite à mudança de vida. É preciso aplainar os montes e abrir um caminho novo. Vivemos uma época de crises, corrupção, o povo foi abandonado pelos governantes. Mas não podemos desanimar, pois sabemos que Deus está ao nosso lado, quer mudar esta história. É tempo de Advento, tempo de abrir caminhos novos, de construir pontes e destruir os muros que separam irmãos.

A nossa preparação para o Natal começa aqui e agora e passa pela conversão e mudança de vida. Seja fiel, ofereça o Dízimo!