Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
MENSAGEM DO EVANGELHO
Neste, Domingo de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo,
o Evangelho de Mateus 25,31-46, traz a última instrução expressa de
Jesus para seus Apóstolos, o que a torna especial e faz com que deva
ser lida com atenção especial. Desenvolve a imagem da chegada do Filho
do Homem em um discurso escatológico. Ainda que esta pregação de Jesus
traga muitos elementos judaicos, é fascinante porque coloca como
critério fundamental para a salvação o amor absoluto e ‘imerecido’,
feito de forma livre em direção aos pequenos. A introdução deste texto
realça a majestade de Jesus, que entra como um rei prestes a julgar o
seu povo. Há uma diferença importante com relação ao Filho do Homem do
Livro de Daniel. No Profeta, ele somente acompanha, como uma
testemunha, o juízo de Deus aos povos. Para Mateus, senta-se no trono
como um juiz universal, prestes a dividir os homens por suas obras.
Essa importância é acentuada no versículo 34, quando o Filho do Homem
é chamado “rei”. A expressão realça a majestade de Jesus, funcionando
como um cortejo celeste. Não é como em Mateus 24,31, onde os anjos têm
a função de reunir os eleitos para, junto com Jesus, estenderem o
julgamento sobre as nações. Nesta passagem, parece que Israel não está
participando do juízo como articulador, mas se encaixa em “todos os
povos da terra” que se reunirão para serem julgados. Na mentalidade
judaica antiga, era bem clara a identificação do lado direito como o
“bom” e o esquerdo o “ruim”. No final do dia, era comum que o pastor
separasse as ovelhas, brancas, dos cabritos, escuros. Esta comparação
se referia à separação dos cabritos que seriam abatidos. Como condição
para herdar o Reino dos Céus, estão as obras de caridade que eram
bastante conhecidas pelo mundo judeu. Listas muito semelhantes podem
ser encontradas na tradição do Antigo Testamento e nas tradições
judaicas. Parece estranho que Jesus não fale de atitude que estão
muito presentes em sua pregação, como a conversão, a fé no Reino dos
Céus, a pureza de coração, o amor a Deus, entre outras. O sentido
destas afirmações será desvendado ao final da passagem. A pergunta dos
justos é justificada: Jesus não se apresenta nas situações que
enumera. Os justos certamente já haviam feito estas obras para alguém.
É a partir daí que Jesus dá o sentido de seu discurso: aquele que faz
uma obra de amor desinteressada a um dos pequenos atinge o coração de
sua pregação. O Filho do Homem está presente nos mais pequenos,
garantindo uma visão mais universal da salvação: ainda fora dos
círculos judaicos e cristãos, há os ‘irmãos menores’ e todos podem
fazer o bem para eles e tocar em Jesus. Jesus Cristo nos ensina que o
Reino dos Céus há lugar para todos, desde que a conversão seja feita
no coração. As boas obras são fundamentais para a salvação, mas sempre
e quando vêm de uma atitude de amor livre. No encerramento deste ano
comum, ao celebrarmos a Liturgia de Jesus Cristo Rei do Universo,
somos convidados a aprofundar nossas práticas religiosas, pensando no
quanto estamos cuidando dos irmãos menores e no sentido que isto tem
para o nosso coração. Encontrar-se com os pequenos em uma atitude de
amor concreto é encontrar-se com Jesus.
Seja fiel, ofereça o Dízimo!