Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
MENSAGEM DO EVANGELHO
Neste, 22º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de Mateus 16,21-27, Jesus faz o seu primeiro anúncio da Paixão. Jesus está se preparando e preparado os seus discípulos missionários para o difícil caminho em direção a Jerusalém que começa em Mateus 19,1. Ao revelar sua missão e seu caminho, Jesus está revelando a nossa missão e o nosso caminho de seguimento do Mestre. Jesus sabe e conhece o seu caminho e dele não se desviará. Satanás, nas tentações, já queria desviar Jesus do caminho. Ir a Jerusalém ao centro do poder político, econômico e religioso. É lá que está a causa e a raiz do ante Reino dos Céus, e é preciso enfrentar e denunciar este poder. Jesus prepara os discípulos missionários para o que vai acontecer. Jesus veio transmitir a boa notícia do Reino dos Céus. Nem todos aceitam.
Para o povo de Deus o Reino dos Céus é a realização do projeto de Deus. Para que explora e manipula o povo, a proposta de Jesus é uma ameaça aos seus interesses, por isso será rejeitado, e precisa ser eliminado por esta sociedade cujos males Ele denuncia. É uma contradição: quem veio trazer a vida, corre o risco de morte. Os poderosos se unirão contra ele: anciãos, sumos sacerdotes e mestres da Lei. Ao fazer o anúncio da sua Paixão, Jesus já antevê o destino que o espera por causa da sua fidelidade ao Reino dos Céus. Ele será morto. Mas a morte não pode ter a última palavra. Jesus anuncia a sua ressurreição no terceiro dia. Os discípulos missionários parecem não ter ouvido esta última parte. Pedro havia confessado a messianidade de Jesus. A sua concepção de Messias não era segura; até agora aparecia como o Messias glorioso, Jesus ainda não havia falado da cruz. O sofrimento e a cruz não estavam no plano de Pedro e começa a reprovar Jesus, dizendo: “Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isso nunca te aconteça!”. Esta tradução não é muito feliz. O texto grego original traz “hypaghe opísso mou”, ‘vá atrás de mim!’. Algumas Bíblias traduzem: “Afasta-te de mim”. A Vulgata, latim, traduziu por “vade retro me” que é melhor, como a TEB e CNBB traduziram por “vá para trz de mim”.
Jesus manda Pedro ao lugar onde foi chamado: “opísso mou”, “atrás de mim” ou “em meu seguimento”. No seguimento, atrás, de Jesus, Pedro é discípulo missionário e é pedra que ajuda a construir a Igreja. Na frente de Jesus, Pedro é pedra de tropeço, é satanás! Na frente de Jesus, Pedro é adversário perigoso, pois ele não sabe e não conhece o caminho; torna-se um obstáculo, ‘escândalo’. Uma coisa foi seguir Jesus até este anúncio da Paixão: outra será segui-lo daqui para frente. Jesus fala do seguimento. O Mestre é quem vai à frente e sabe o caminho. Mas se o destino do Mestre pode levar à cruz, outro não pode ser o caminho de que o segue. Quem quer seguir a Jesus, precisa estar preparado para carregar a cruz de cada dia. Não existe seguimento de Jesus sem cruz. O pregador da quaresma para o Papa R. Cantalamessa diz: “Quem procura Jesus sem a cruz, vai encontrar a cruz sem Jesus”. A cruz de quem segue a Jesus deve ser tomada a cada dia. É a mesma expressão de Lucas 11,3 “dai-nos o pão de cada dia”. Doar a vida é ganhá-la. Tentar preservá-la, sem doação, é perdê-la. Mas quem perde a vida por causa de Jesus e do Evangelho, vai ganhá-la. No anúncio da cruz está o anúncio da ressurreição.
O Teólogo Jon Sobrino diz: “Se Deus ressuscitou um Crucificado, isso se torna esperança para todos os crucificados”. Quem doa a vida pelo Reino dos Céus, não perde a vida, mas vai salvá-la. Aqueles que não colocam a vida a serviço do Reino dos Céus, mas dos seus interesses ou dos interesses do mundo, pensam que vão ganhá-la. É uma vitória ilusória e aparente, acaba perdendo a vida e perdendo a si. Na hora da morte não terá motivos de esperança. Quando Jesus anunciou pela primeira vez a sua Paixão, Morte e Ressurreição, Pedro quis se colocar ‘diante’ de Jesus, tentado levá-lo a fazer a sua vontade, como Satanás. Jesus não o expulsa, mas o coloca no lugar certo: ‘atrás’ dEle, como discípulo missionário. O ensinamento é para todos os tempos: “Se alguém quiser me seguir, vir atrás de mim, renegue a si, tome a sua cruz e me siga”. O lugar do discípulo missionário não é ir à frente de Jesus, senão Jesus se tornaria ‘seguidor’, nem ao lado de Jesus, seria um companheiro, embora tenha querido ser amigo! Nem no lugar de Jesus, o ‘discípulo missionário’ seria um ídolo, mas ‘atrás’ de Jesus. Seguir Jesus não é simplesmente ir atrás dele; não é carregar uma cruz qualquer. Seguir Jesus é não perdê-lo de vista, é estar sempre em seu caminho. Não seguimos a cruz, seguimos Jesus, que deu a vida por nós, assim como nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos.
Seja fiel, ofereça o Dízimo!