Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
MENSAGEM DO EVANGELHO
Neste, 21º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de Mateus 16,13-20, depois de desmascarar a ignorância dos fariseus e dos saduceus, que pedem um sinal no céu para colocar Jesus à prova e de alertar os discípulos missionários para não seguirem o ensinamento destes dois grupos judaicos, Jesus vai revelar sua identidade para os seus. Mas o que está em jogo não é a sua identidade, mas a identidade deles. A resposta dos discípulos missionários não vai constituir Jesus, mas vai, ou não, constituir o verdadeiro discípulo missionário.
O leitor do Evangelho de Mateus já viu esse termo nas palavras de Jesus, de maneira misteriosa, mas ligada à sua missão e de maneira aberta, designando a si. Os seus discípulos missionários, que estão próximos, sabem que Jesus é o Filho do Homem. Mas aqueles que estão fora, “os homens”, não conhecem a identidade de Jesus. Há algumas tradições religiosas populares que estão em jogo nesta resposta do povo. O inescropuloso Herodes Antipas, diante da fama de Jesus, havia aos seus oficiais: “Certamente, se trata de João Batista: ele foi ressuscitado dos mortos e é por isso que os poderes operam através dele”. Quanto a Elias, havia uma profecia judaica que falava de sua chegada antes do grande Dia do Senhor, quando seria manifestada toda a justiça divina diante dos pecadores.
Com relação a Jeremias havia uma grande tradição popular falando de seu retorno. Primeiro Jesus pergunta aos discípulos missionários a opinião que o povo em geral tem sobre ele. Não são seus seguidores e não estão próximos. Depois, a pergunta é dirigida aos discípulos missionários, sugerindo que a resposta do seu grupo mais intimo não pode ser a mesma resposta dos homens. Sua resposta deve nascer da experiência pessoal com Jesus, fruto do caminho que faziam com o Mestre. É a única vez no texto de Mateus que Jesus chama Simão por seu nome composto: “Simão Pedro”. Parece que Mateus quer acentuar o papel deste discípulo missionário no grupo dos Doze. A resposta cheia de sentido que reconhece em Jesus o Messias já havia aparecido na boca dos discípulos missionários pouco antes desta passagem.
Na ocasião em que Jesus caminha sobre as águas, os que estavam no barco se prostram e dizem: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus. Mas nesse Evangelho, Pedro tem um papel proeminente: ele mostra que o verdadeiro discípulo missionário intimo de Jesus, é capaz de reconhecê-lo em sua intimidade. Manifestando sua capacidade de compreende a missão de Jesus, escutará do Mestre algo sua missão. O ministério público de Jesus está num momento decisivo: Pedro e os demais discípulos missionários reconhecem Jesus como o Messias e o Filho de Deus é o centro da fé. O papel de Pedro é o de ‘pedra’ sobre a qual se levanta a comunidade dos discípulos missionários de Jesus. Essa ‘pedrinha’ é a principal pedra! Pedro será o chefe da Igreja instituída por Jesus. Ele e os demais discípulos missionários receberão o poder de ligar e desligar. Por meio deles na Igreja continua viva a tradição apostólica. A Igreja precisou de alguns séculos para ligar estavelmente essa palavra de Jesus a Pedro com a figura da Bispo de Roma. Qualquer bom texto de história da eclesiologia ou dos ministérios mostra isso com objetividade e equilíbrio.
Historicamente, o primado de Pedro, chamado a ser serviço da unidade na fé e na caridade, foi ocasião de muitas separações, no Oriente e no Ocidente. É difícil discernir em que medida isso se deva às modalidades inadequadas do servir ou a inevitabilidade do “escândalo”, da verdade que é sinal de contradição. Não é ainda o momento para que os discípulos missionários anunciem que Jesus é o Messias. É o chamado ‘segredo messiânico’. É preciso antes que os discípulos missionários sejam preparados para a Paixão e a Cruz. Depois da Ressurreição, os discípulos missionários já fizeram a experiência completa de quem é Jesus e começará o momento de dizer a todos e a levar a todos os lugares a boa notícia de que Jesus é o Messias que foi anunciado e esperado no Antigo Testamento. Somos convidados a entrar na intimidade de Jesus. Pedro é modelo de discípulo missionário e nos leva ao centro de nossa fé: reconhecer Jesus como o Cristo. Lembremos o importante papel que Pedro teve na comunidade primitiva. A resposta à pergunta de Jesus: “Quem dizem que eu sou?” deve continuar sendo dada por todos os batizados. Não é só uma resposta falada, mas testemunhada com a vida. É isso que se espera de todos os membros da Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo.
Seja fiel, ofereça o Dízimo!