Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Neste, 17º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de Mateus 13,44-52, são duas duplas de parábolas, quatro parábolas: A do tesouro no campo; A da pérola preciosa; A da rede lançada ao mar; A do dono da casa que tira de seu tesouro coisas novas e velhas. Estas quatro parábolas completam o discurso de Jesus, que começa com a parábola do semeador, passa pelas da semente de mostarda e do fermento, e a da explicação da parábola da erva daninha, com um apelo à decisão e à responsabilidade. A alegria é a força para decidir-se pelo Reino dos Céus, tesouro que deve ser dividido com coerência e transmitido de forma adequada. Eram muito comuns na época de Jesus histórias que narravam a alegria de um felizardo que encontrava um grande tesouro. Histórias com lâmpada magica ou mapas do tesouro. Em nossas histórias populares, o foco está na alegria de alguém que encontra um bem precioso enterrado e nas aventuras que faz para desenterrar o baú precioso e na beleza dos bens encontrados. O homem da parábola se alegra. Mas o foco não está no tesouro ou nas aventuras, mas em seu comportamento. O homem volta a enterrar o tesouro. Poderia pedir dinheiro emprestado ou simplesmente roubar o tesouro, a parábola não está muito preocupada em mostrar a moralidade ou não das ações. O homem dá tudo o que tem, entrega todos os seus bens, porque entende a beleza do que possuirá.
A parábola seguinte fala de um comerciante de pérolas. As pérolas estavam de moda na época de Jesus, desde alguns séculos antes, com a dominação grega. Representavam aquilo que havia de mais precioso e importante para alguém. Importa pouco a Mateus as negociações. O foco está em que, diante de um bem tão precioso como o Reino dos Céus, vale a pena entregar tudo o que tem. A doação da vida é a marca daquele que sente a proximidade do Reino dos Céus que Jesus apresenta. Outra parábola começa a descrever o Reino dos Céus, agora com sentido diferente das duas anteriores. A comparação é típica do mundo de Jesus: as cidades eram organizadas ao redor de fontes de água, garantia de sobrevivência. Ali estava a vida! O processo de separação de peixes é esperado e típico do mundo da época. A parábola aproxima os pescadores da figura messiânica apresentada pelos profetas que, no dia do julgamento de Deus, iriam separar bons e maus e permitir que um colhesse o fruto de suas ações. O grande julgamento final, descrito no final do Evangelho de Mateus, mostra que Deus não compactua com a injustiça. Ele está do lado daqueles que estão preocupados em promover a dignidade humana para todos os necessitem.
A falsa justiça, legalista e excludente, não faz parte do Reino dos Céus. Não adianta fazer obras externas se o coração não luta pela conversão diária. Eram os sábios do povo, que estudavam a Torá desde muito jovem, aprofundavam-se nos textos e desenvolviam comentários e explicações sobre eles. Justamente por isso, eram considerados intérpretes oficiais da Lei. Muitos deles usavam seu status social para ‘operacionalizar’ as Escrituras, escolhendo o que seguir e ensinar de acordo com sua conveniência. Condenavam aqueles que não viviam determinadas leis, sem olhar com cuidado para as dificuldades do povo. O tesouro que aparece nas primeiras parábolas retorna. Ele implica as “coisas velhas” a tradição religiosa de Israel, tão presente no Antigo Testamento e memorizada por qualquer mestre da Lei. Ela já não pode mais ser lida sozinha. Precisa das “coisas novas” Jesus. Ele dá o verdadeiro sentido das Escrituras e ensina como viver bem. Jesus é o tesouro escondido e a pérola preciosa, que são as lentes que dão à nossa história, passado, presente e futuro, uma nova cor.
Ele se deixa encontrar por quem o procura e procura quem o encontra. Ele é a Sabedoria que convida a uns e outros ao banquete da vida! É preciso procurar. Mas não basta procurar e encontrar. É preciso decidir. Não dá para ficar com um pé em cada canoa. O motivo da decisão é a paixão pelo tesouro, “alegria” que sua posse provoca. A alegria de encontrá-lo é a força para tomar a decisão de levar o encontro até o fim. O amor a Jesus nos torna, indiferentes a tudo o mais que se torna absolutamente relativo e secundário.
Seja fiel, ofereça o Dízimo!