Padre Antônio Taliari
Jornalista (DRT 3847/SC)
Missionário em Rondônia, estudando em Curitiba/PR
Jesus é o Mestre que ensina não como os doutores da Lei, mas com autoridade e de um jeito simples. Ensinar através de parábolas era falar do Reino dos Céus utilizando elementos da vida do povo. Um jeito simples que o povo podia entender. A parábola do semeador está dividida em três partes: A parábola dita; Os critérios para sua leitura; A leitura da parábola na vida.
Jesus, quando se comunicava com os pequenos, usava uma linguagem à sua altura, concreta, simples, humana. As parábolas de ensinamento ao povo falavam de elementos da natureza que o povo conhecia, diferentes são as parábolas contra os adversários, estas quase sempre contem pessoas. Ele, Palavra eterna de Deus, se fez carne, exatamente por isso e para isso. Jesus é a parábola de Deus. Não é um semeador qualquer, mas ‘o semeador’, um personagem bem preciso, é aquele que conhece o trabalho que faz.
Este semeador não jogou a semente aleatoriamente entre as pedras e os espinhos. Ele cumpre o seu trabalho de bom operário, segundo os métodos e com os e com os instrumentos da sua época. No semear, deve ter-se afadigado muito, teve perdas, mas apesar disso seu esforço foi recompensado. Algumas sementes caem sem intenção na beira do caminho. Ali não há espaço propício para se desenvolver, logo são devoradas pelos pássaros. A realidade geográfica de Israel não é a mais propícia para o plantio. Aproveitava-se todos os espaços para semear, como as rochas que eram encampadas por uma pequena camada de terra. Não era possível que a semente se desenvolvesse e o sol logo vem e mata as plantas sem raiz. Os espinhos podem referir-se à terra que não está arada e ainda tem as marcas da colheita anterior. Três insucessos marcam a semeadura.
Aqui está uma grande preocupação dos seguidores de Jesus. O Reino dos Céus contempla insucessos? A semente é das melhores. Quando encontra terra boa, multiplica-se em abundancia. A parábola mostra que o problema, em nenhum modo, está na semente, ela é perfeita. Se ela não dá fruto, é necessário olhar sempre para o tipo de campo qual a acolhe. Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. Mateus mostra que o interesse por entender o que Jesus fala não está no povo, nas nos discípulos missionários. Lembra que nem todos os judeus estão perto de Deus simplesmente por sus condição de judeu. A raça ou lugar de nascimento não garantiam a conversão, mas a busca sincera por Jesus. Os discípulos missionários, diferentemente das multidões, aproximam-se de Jesus, o seguem, falam com ele, escutam suas parábolas e explicações. As multidões, ao contrário, não se aproximam dele, não o seguem não lhe dirigem a palavra, não escutam sua resposta. Não entram no mistério do conhecimento do Filho, não são da sua família, não só não estão com ele, mas posicionam-se contra ele. Mateus lembra que a grande rejeição que Israel tem a uma mensagem messiânica que não prega o triunfalismo militar ou uma grande chegada real de Deus no mundo. Ate dentro da comunidade, há aqueles que podem decidir oferecer a Deus outra coisa que não uma terra boa pra semear.
É dura a rejeição de grande parte do povo de Deus, mas isto não significa necessariamente falência. É cumprimento do que predisseram os profetas desta rejeição, Deus pode tiral resultados por nós imprevistos e imprevisíveis. Para aqueles que abrem os ouvidos, os olhos e o coração para o Senhor, aproximam-se de Jesus, dispostos a reconhecer a dureza e as resistências do coração, a parábola é uma bem-aventurança. O resultado é uma vida bonita e feliz. Para aqueles que acolhem Jesus como a verdadeira realização das profecias messiânicas, a novidade do Evangelho transforma a vida e dá sentido até para as frustrações de uma semeadura sem frutos. A parábola do semeador expõe as dificuldades indesejadas no caminho apostólico de Jesus e da Igreja, e o sucesso inesperado que a Palavra acaba tendo.
Não basta escutar a Palavra de Deus. É preciso internalizá-la, e colocar a vida na escuta, para que a luz do Evangelho ilumine a existência. As preocupações diárias não podem crescer tanto a ponto de tornar-nos insensíveis à Palavra. As comunidades cristãs vivem em constantes perseguições pelo Evangelho. Muitos não suportam e decidem deixar a proposta de Jesus. Mateus lembra o ensinamento da parábola do semeador para animar todo aquele que precisa de força e esperança para seguir lutando. Não basta escutar a palavra ou lutar contra as tribulações. O esforço para vivê-la é a marca do cristão. Se não mergulharmos na riqueza da proposta de Jesus, tudo o que está à nossa volta brilha mais e parece mais precioso. Os frutos de uma vida nova passam por essas duas etapas. A primeira é uma atitude de escuta consciente e sincera.
A segunda é a busca por entrar nos mistérios de Cristo e para entender de maneira profunda a proposta do Reino dos Céus. A parábola do semeador descreve a aventura da Palavra em cada um de nós. É a aventura de Jesus, o Filho do Homem que entra no coração da terra. O humano é para é para a semente aquilo que a terra é para o humano: é mãe, que o acolhe e lhe dá vida. O que Jesus encontrou e a Igreja encontra, no anúncio da Palavra, é o que a Palavra encontra em cada um de nós: resistência de todos os tipos e queira Deus rendição fecunda.
Seja fiel, ofereça o Dízimo!